》Apoio americano a Israel desmorona, revela pesquisa – Expresso Noticias
Vamos ao assunto:
Dados da Gallup revelam divisão profunda nos EUA sobre o conflito, com republicanos isoladamente sustentando o apoio a Netanyahu
O retrato da opinião pública norte-americana sobre o conflito em Gaza desenha um cenário de crescente rejeição e profunda divisão. Uma nova pesquisa do instituto Gallup, realizada entre 7 e 21 de julho, aponta que apenas cerca de um terço dos adultos nos Estados Unidos ainda apoia a ação militar de Israel na região. Este número representa uma queda substancial em relação ao início do conflito, quando aproximadamente metade dos americanos endossava as operações israelenses.
O que mudou? A onda de desaprovação não atinge todos igualmente, mas revela um abismo político. A queda vertiginosa no apoio é puxada principalmente por eleitores democratas e independentes. Enquanto isso, os republicanos permanecem amplamente alinhados com as ações de Israel e com seu primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. “Observamos essa queda na aprovação desde o outono passado, e ela é realmente impulsionada por democratas e independentes”, explica Megan Brenan, editora sênior da Gallup. “Os republicanos ainda estão dispostos a participar, por enquanto.”
Os números da desilusão:
- Aprovação geral: Apenas 33% dos americanos aprovam atualmente a ação militar israelense, uma queda acentuada frente aos cerca de 50% registrados após o ataque do Hamas em 7 de outubro.
- Rejeição crescente: Cerca de 6 em cada 10 adultos (aproximadamente 60%) desaprovam a ofensiva, um aumento significativo frente aos 45% de novembro de 2023.
- Divisão partidária: O fosso é chocante. Apenas 8% dos democratas e um quarto dos independentes aprovam a campanha militar. Entre os republicanos, porém, o apoio permanece maciço.
- Geração dividida: A idade também é um fator crucial. Apenas 1 em cada 10 adultos com menos de 35 anos apoia Israel, contrastando com cerca de metade daqueles com 55 anos ou mais.
Netanyahu com imagem em queda livre
A rejeição não se limita às operações militares. O próprio primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, atinge seu pior índice de popularidade entre os americanos desde que o Gallup começou a medi-lo, em 1997. A pesquisa atual, coincidindo com sua recente visita aos EUA, revela que:
- 52% dos adultos americanos têm agora uma visão desfavorável de Netanyahu.
- Apenas 29% o veem de forma positiva.
- Cerca de 2 em cada 10 não têm opinião formada ou não o conhecem.
- “Esta é a primeira vez que vemos a maioria dos americanos com uma visão desfavorável dele”, ressalta Brenan. “Todas essas perguntas nesta pesquisa nos mostram basicamente a mesma história, e não é nada boa para o governo israelense neste momento.”
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A deterioração da imagem de Netanyahu é notável, especialmente se comparada a abril de 2019, quando ele era visto mais positivamente. Enquanto cerca de dois terços dos republicanos mantêm uma visão favorável do líder israelense, apenas cerca de 1 em cada 10 democratas e 2 em cada 10 independentes compartilham dessa opinião.
O conflito pesa de forma desigual também na avaliação dos líderes americanos. Embora mais da metade dos adultos norte-americanos (55%) desaprove a forma como o ex-presidente Donald Trump lida com a situação no Oriente Médio, segundo uma pesquisa complementar AP-NORC, ele enfrenta menos turbulência interna que seu antecessor, Joe Biden.
O sólido apoio da base republicana a Trump nessa questão espelha a contínua aprovação das ações militares de Israel pelo partido. Cerca de 8 em cada 10 republicanos aprovam a condução de Trump no Oriente Médio. Em contraste, Biden, no ano anterior, via apenas cerca de 4 em cada 10 democratas apoiando sua abordagem do conflito, evidenciando uma fratura significativa dentro de seu próprio partido.
A pesquisa AP-NORC de março já antecipava essa clivagem. Republicanos eram muito mais propensos a simpatizar com os israelenses do que com os palestinos. Além disso, enquanto os americanos em geral priorizavam fortemente o fornecimento de ajuda humanitária aos palestinos em Gaza sobre a ajuda militar a Israel, os republicanos defendiam o oposto: para eles, a assistência militar a Israel era vista como uma prioridade mais alta.
A pesquisa Gallup traça um mapa claro: o apoio inicial dos EUA à ofensiva israelense em Gaza se esvaiu, substituído por uma significativa desaprovação da maioria. Porém, esse sentimento não é uniforme. Ele revela uma América profundamente cindida, onde partidarismo e geração definem fortemente a visão sobre um conflito distante, mas que ressoa intensamente no debate doméstico.
A imagem de Netanyahu sofre um revés histórico, e enquanto a pressão por uma mudança de rumo parece crescer entre parte da população, o sólido apoio republicano sugere que, para uma fatia significativa dos EUA, a política atual de Israel ainda encontra ressonância. O desafio humanitário em Gaza, citado como pano de fundo do período da pesquisa, permanece como uma ferida aberta influenciando essas percepções.
Trump pressiona Israel por mais ajuda humanitária em Gaza enquanto crise se aprofunda

Diante de uma crise humanitária que se agrava em Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira que está preocupado com a situação no território e pediu ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que garanta a distribuição de alimentos à população local. A declaração marca uma mudança aparente na postura do líder americano, que vinha adotando uma posição mais distante em relação às críticas internacionais sobre a falta de assistência humanitária na região.
Durante uma reunião com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, no campo de golfe Trump Turnberry, em Turnberry, na Escócia, Trump destacou que os Estados Unidos e outros países já estão enviando recursos e alimentos para a faixa de Gaza. No entanto, ele ressaltou que é essencial que Israel assuma o papel de facilitador para que a ajuda chegue de fato às pessoas.
“Quero que ele garanta que eles recebam a comida. Quero garantir que eles recebam a comida”, afirmou Trump, referindo-se a Netanyahu. O presidente também questionou a versão apresentada pelo governo israelense de que não há fome em Gaza. “Com base na televisão… essas crianças parecem estar com muita fome”, disse, após ser indagado se concordava com as declarações do líder israelense.
As palavras de Trump ecoam uma preocupação crescente em diversos países, diante de imagens impactantes de crianças desnutridas e relatos de mortes por inanição. O apelo do presidente americano surge em um momento delicado, quando a pressão internacional aumenta e líderes de todo o mundo pedem uma resposta mais efetiva à crise humanitária.
Estados Unidos planejam criar centros de distribuição de alimentos
Em meio ao agravamento da situação, Trump anunciou que os Estados Unidos estão planejando a criação de centros de alimentação em Gaza. Apesar de não detalhar como e quando isso será feito, o presidente afirmou que o objetivo é garantir que a ajuda chegue rapidamente à população local.
A declaração ocorre pouco tempo depois que Israel anunciou lançamentos aéreos de ajuda humanitária e pausas limitadas nos combates em algumas áreas de Gaza, como forma de facilitar a distribuição de alimentos e suprimentos. Mesmo assim, organizações internacionais e líderes políticos continuam a criticar a escala e a eficácia das ações até agora.
Pressão internacional cresce
O presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sissi, também fez um apelo direto a Trump durante um discurso televisivo. “Por favor, façam todos os esforços para parar esta guerra e entregar a ajuda. Acredito que é hora de acabar com esta guerra”, declarou. Para ele, Trump é “aquele que é capaz de parar a guerra, entregar a ajuda e acabar com esse sofrimento”.
Trump reconheceu que o Hamas tem dificultado a distribuição de alimentos ao interceptar parte da ajuda, mas também afirmou que Israel tem “muita responsabilidade” sobre a situação. Mesmo assim, ele destacou que o país também enfrenta desafios, principalmente em relação aos cerca de 20 reféns ainda mantidos em cativeiro por integrantes do grupo extremista.
“Acho que Israel pode fazer muito”, disse o presidente, sem entrar em detalhes. Logo em seguida, desviou o foco da conversa para outros assuntos, especialmente o Irã.
Reino Unido também se manifesta
Já o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, foi mais enfático ao classificar a situação em Gaza como “absolutamente intolerável”. Ele afirmou que a população britânica está “revoltada” com o que tem visto nas imagens divulgadas pela mídia internacional.
“É uma situação desesperadora”, disse Starmer, que enfrenta pressão dentro do Partido Trabalhista para reconhecer um Estado palestino, algo que a França fez recentemente. O Reino Unido defende a criação de um Estado palestino como parte de um acordo de paz de longo prazo com base em uma solução de dois Estados.
Trump, por sua vez, foi mais reservado ao ser questionado sobre o reconhecimento da Palestina como Estado. “Não vou tomar posição”, disse. “Não me importo que ele tome posição”, completou, referindo-se a Starmer.
Debate na ONU sobre o futuro da região
Enquanto líderes discutem o futuro da região, a Assembleia Geral das Nações Unidas iniciou nesta segunda-feira uma conferência de alto nível para discutir a solução de dois Estados entre Israel e Palestina. O encontro, que contará com a participação de autoridades de diversos países, é copresidido pelos ministros das Relações Exteriores da França e da Arábia Saudita.
No entanto, tanto Israel quanto os Estados Unidos decidiram boicotar o evento, o que demonstra a complexidade das posições em torno do conflito.
Vice-presidente dos EUA reforça preocupação com Gaza
O vice-presidente JD Vance também se manifestou sobre a situação em Gaza durante um discurso em Canton, Ohio. Ele ressaltou que os Estados Unidos estão acompanhando de perto a crise humanitária e lamentou o número crescente de crianças morrendo de fome no território.
“Israel precisa fazer mais para permitir a entrada dessa ajuda e também precisamos declarar guerra ao Hamas para que essas pessoas parem de impedir a entrada de alimentos neste território”, afirmou Vance, reforçando a preocupação do governo americano com a situação.
Com informações da AP*
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