》China fala em retaliação se Trump reativar tarifaço em agosto – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

Editorial oficial chinês aponta resposta “resoluta” a países que excluírem Pequim de acordos com os Estados Unidos

A China enviou nesta terça-feira (8) um aviso direto à administração do presidente Donald Trump, alertando contra a possível retomada de tarifas sobre produtos chineses a partir de agosto. A declaração foi feita por meio de um editorial publicado no Diário do Povo, veículo oficial do Partido Comunista Chinês, que também ameaçou retaliações contra nações que celebrarem acordos com os Estados Unidos que excluam a China das cadeias globais de suprimentos.

Segundo o texto, “o diálogo e a cooperação são o único caminho correto” para que as duas maiores economias do mundo encontrem uma solução conjunta diante do impasse comercial que se arrasta desde 2018.

O jornal criticou a intenção dos Estados Unidos de reestruturar cadeias produtivas com o objetivo de reduzir a dependência da China. “A prática tem provado que somente defender firmemente posições de princípios é que alguém pode realmente proteger seus direitos e interesses legítimos”, diz o editorial.

A publicação oficial chinesa acusa Washington de recorrer ao “bullying” tarifário e aponta que o novo pacote de tarifas pode superar os 100% sobre determinados produtos chineses, caso a medida entre em vigor a partir de 1º de agosto. A aplicação havia sido adiada desde abril, mas o governo americano retomou nas últimas semanas a notificação de países parceiros sobre a imposição das novas barreiras.

Pequim tem até 12 de agosto para negociar com a Casa Branca e tentar evitar a reintrodução das tarifas. Analistas avaliam que a retomada da guerra comercial pode ampliar a instabilidade econômica global e afetar a recuperação de diversas economias.

Segundo o Instituto Peterson de Economia Internacional, os Estados Unidos aplicam hoje uma tarifa média de 51,1% sobre produtos importados da China, enquanto os chineses taxam produtos americanos com uma média de 32,6%.

O jornal também direcionou críticas aos aliados dos Estados Unidos, afirmando que Pequim reagirá contra acordos regionais que busquem contornar sua presença nas rotas globais de produção.

“A China se opõe firmemente a qualquer lado que feche um acordo que sacrifique os interesses chineses em troca de concessões tarifárias”, afirma o texto. “Se tal situação surgir, a China não aceitará e responderá resolutamente para proteger seus interesses legítimos.”

Entre os exemplos citados está o recente acordo firmado entre Vietnã e Estados Unidos. O pacto prevê a redução de tarifas de 46% para 20% sobre determinados produtos e isenta mercadorias reexportadas via território vietnamita — muitas delas originárias da China — de uma taxa adicional de 40%. Para Pequim, a ação constitui uma tentativa explícita de driblar sua presença nas cadeias internacionais de suprimentos.

A tensão crescente também refletiu nos mercados financeiros. As principais bolsas americanas registraram queda nesta segunda-feira, 7, com recuos inferiores a 1%. Os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq encerraram o dia em baixa, pressionados pelas incertezas em torno das decisões comerciais de Washington e da possível resposta chinesa.

Na avaliação de economistas e observadores internacionais, o risco de uma nova escalada tarifária agrava a instabilidade política e econômica. Desde a imposição inicial de tarifas entre Estados Unidos e China, em 2018, o comércio bilateral tem sido alvo de sucessivas rodadas de retaliações, com impacto direto sobre cadeias de valor em setores estratégicos, como tecnologia, energia e manufatura.

Apesar de um acordo provisório firmado no mês passado entre os dois países, pontos considerados cruciais seguem indefinidos. O Diário do Povo classificou o compromisso como instável e questionou a real intenção americana de cooperar. O jornal também descreveu o anúncio do “prazo final” de 1º de agosto como uma tática de pressão unilateral. “O tempo e os fatos provarão quem está no caminho certo da história”, conclui o editorial.

O posicionamento da China ocorre em um contexto de reorganização de alianças comerciais na Ásia e na Europa, e levanta questionamentos sobre o papel de Pequim no novo cenário econômico internacional. Com os Estados Unidos buscando fortalecer acordos com países que se dispõem a reduzir a exposição à produção chinesa, Pequim reage com firmeza para tentar evitar o isolamento.

Com a aproximação do prazo estipulado por Washington, cresce a expectativa de que os próximos dias sejam decisivos. Caso as tarifas sejam efetivamente reativadas, analistas preveem uma nova rodada de confrontos, com impacto direto nos preços globais e nas cadeias produtivas de setores estratégicos. O impasse reforça o temor de que a disputa entre Estados Unidos e China esteja longe de uma resolução definitiva.

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