》China semeia paz enquanto EUA travam disputa agrícola – Expresso Noticias
Vamos ao assunto:
Em Washington, Xie Feng defendeu que agricultura não seja arma política, enfatizando cooperação sino-americana e proteção de agricultores
Enquanto os motores da guerra e da especulação financeira aceleram no tabuleiro global, um discurso simples, mas profundamente revolucionário, ecoou em Washington: o da cooperação agrícola entre China e Estados Unidos. Pronunciado pelo embaixador chinês Xie Feng durante um café da manhã com representantes do agronegócio dos dois países, o pronunciamento não foi apenas diplomático — foi um ato político de resistência à lógica do conflito, da desconfiança e do imperialismo econômico. Em tempos de escalada de tensões, a China escolheu semear diálogo. E isso, para a esquerda internacional, deve ser celebrado como um passo em direção a um mundo mais justo.
Xie Feng falou com clareza: China e EUA juntos produzem quase 40% dos alimentos do mundo. Juntos, consomem um quarto da produção global. Diante de uma crise climática acelerada, fome em ascensão e sistemas agrários destruídos pelo capitalismo predatório, essa parceria não é apenas desejável — é urgente. Mais ainda: é uma questão de sobrevivência coletiva. E é aqui que a posição chinesa se diferencia com nitidez da postura belicista e intervencionista dos Estados Unidos.
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A China, ao defender a cooperação agrícola, reafirma um princípio fundamental: a soberania alimentar não é mercadoria, nem campo de batalha. É direito humano. E a agricultura, longe de ser um setor a ser politizado em nome de interesses geopolíticos, deve ser um espaço de colaboração entre nações. “A agricultura não deveria ser politizada e os agricultores não deveriam pagar o custo da guerra comercial”, afirmou o embaixador — uma frase que deveria estar estampada em todos os parlamentos do mundo.
É significativo que Xie tenha feito essa defesa enquanto denunciava projetos de lei nos EUA que proíbem cidadãos e empresas chinesas de adquirir terras agrícolas. Essas medidas, sob o disfarce de “segurança nacional”, são, na verdade, expressões do pânico geopolítico que domina a elite americana: o medo de um mundo multipolar, onde a China não é subordinada, mas parceira. E mais: onde o desenvolvimento não é monopolizado pelo capital ocidental.
Mas o que essas proibições revelam, além do racismo institucionalizado e da paranoia imperial? Revelam o medo de um modelo diferente — um modelo em que o Estado tem papel central na garantia da segurança alimentar, em que a modernização agrícola serve ao povo e não apenas aos grandes trusts do agronegócio. A China, que transformou sua agricultura com investimentos estatais, pesquisa pública e políticas de desenvolvimento rural, representa uma alternativa concreta ao modelo neoliberal que empobrece camponeses, destrói o meio ambiente e concentra terras nas mãos de poucos.
Enquanto isso, os EUA, com sua produção mecanizada em larga escala, dependem cada vez mais do mercado chinês — especialmente no setor da soja. E os agricultores americanos sabem disso. São eles, muitas vezes esquecidos pelas elites de Washington, que mais perdem com as guerras comerciais. Xie não apenas reconhece isso, como destaca que a cooperação “colocou mais dinheiro nos bolsos dos agricultores americanos”. É um gesto de solidariedade de classe, disfarçado de diplomacia: a China não está contra os trabalhadores do campo norte-americano, está contra a lógica que os explora.
O embaixador usou metáforas agrícolas com maestria: falou em “sementes” de cooperação, em “pragas” da politização e em ser “agricultores” da paz. Mas essas metáforas escondem uma proposta política clara: a de um mundo onde a economia serve à vida, e não ao poder. Onde a segurança nacional não é usada como desculpa para bloquear relações que ameaçam o monopólio do Ocidente. Onde a soberania de um país — como a da China — não é questionada por simplesmente ousar desenvolver-se fora do controle imperial.
A esquerda global não pode fechar os olhos para isso. Apoiar a soberania da China não é apologia a um Estado sem contradições. É reconhecer que, em um mundo unipolar violento, a ascensão de potências que desafiam o domínio americano abre espaço para alternativas. A cooperação sino-americana na agricultura pode parecer um tema técnico, mas é profundamente político: é a possibilidade de um futuro onde a alimentação, e não o armamento, seja a prioridade das relações internacionais.
Xie Feng conclamou empresas, associações e pesquisadores a serem “agricultores” de uma nova relação bilateral. Que essa metáfora inspire também os movimentos sociais, os camponeses, os trabalhadores e a esquerda de todo o mundo. Que sejamos todos agricultores da paz, da justiça e da soberania. Que plantemos, em vez de bombas, sementes de cooperação, solidariedade e emancipação.
A China, ao defender a agricultura como espaço de cooperação, está defendendo algo maior: a ideia de um mundo onde o diálogo vence o conflito, onde o bem comum supera o interesse privado, e onde a soberania de cada nação é respeitada. Para quem acredita em um futuro mais justo, esse é um caminho que merece ser trilhado — lado a lado com a China.
Com informações de Agências de Notícias*
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