》Cidade Maravilhosa é candidata à sede do Brics; confira a proposta histórica – Expresso Noticias
Vamos ao assunto:
Com apoio do governo federal, proposta marca novo capítulo na ambição internacional do Brasil e reforça o papel do Rio como ponte entre o Sul Global
Em um movimento que pode mudar o mapa geopolítico internacional, a Prefeitura do Rio de Janeiro oficializou nesta segunda-feira (7) sua candidatura para abrigar a sede permanente do Brics. O anúncio foi feito durante uma cerimônia simbólica no Palácio da Cidade, quando o prefeito Eduardo Paes entregou ao presidente Lula (PT) uma carta de intenção formalizando o pedido. A ideia é oferecer como sede o histórico prédio do Jockey Club Brasileiro, localizado na região central da cidade.
O edifício, projetado pelo renomado arquiteto Lúcio Costa, tem mais de 83,5 mil metros quadrados e carrega consigo décadas de história cultural e política do Brasil. Sua localização estratégica, em um ponto central e com fácil acesso, aliada à beleza e à tradição do espaço, fazem dele uma opção viável e simbolicamente rica para sediar uma instituição global.
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A proposta busca posicionar o Rio de Janeiro como protagonista na cena diplomática internacional, reforçando o papel da cidade como um centro de convergência entre culturas, economias e ideias. Segundo a prefeitura, a escolha do Rio como sede do Brics traria visibilidade global, fortalecimento da imagem internacional da cidade e aumento significativo na geração de empregos, além de incentivo ao turismo e atração de investimentos estrangeiros.
“Estamos falando de um passo importante rumo ao futuro”, afirmou Paes durante o evento. “O Rio está preparado para receber representantes dos países-membros e oferecer toda a infraestrutura necessária para que o Brics continue avançando em suas discussões de forma contínua e produtiva.”
Ainda em nota oficial, o Executivo municipal destacou que a iniciativa reafirma o compromisso da cidade com o multilateralismo e com a cooperação internacional. “Ao reconhecer a importância do Brics na reforma da governança global em direção a um desenvolvimento mais equitativo, o Rio de Janeiro busca facilitar o diálogo contínuo entre os países-membros, promovendo a cooperação e transformando teorias em práticas concretas”, diz o documento.
A decisão ganhou força após a realização da última cúpula do bloco, que reuniu chefes de Estado e autoridades de 36 países no Rio nos dias 6 e 7 de julho. O encontro, que atraiu cerca de 4 mil participantes, mostrou a capacidade da cidade de sediar eventos internacionais de alto nível, reafirmando seu potencial como hub político e econômico global.
Brics: bloco emergente com peso global
Atualmente, o Brics reúne 11 países: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Juntos, esses países representam 46% da população mundial e 37% do PIB global — números que refletem o peso crescente do bloco nas decisões internacionais.
Criado em 2009, o Brics surgiu com o objetivo de ampliar a influência das economias emergentes no cenário global, desafiando tradicionais centros de poder como Estados Unidos e Europa Ocidental. Nos últimos anos, o grupo tem trabalhado para expandir sua atuação, propondo reformas no Fundo Monetário Internacional (FMI), na Organização Mundial do Comércio (OMC) e defendendo a diversificação das moedas utilizadas nas transações internacionais.
Durante a cúpula no Rio, os líderes do bloco também emitiram uma declaração conjunta criticando as recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos, que consideraram uma ameaça à estabilidade econômica global. Os ministros das finanças do Brics alertaram que medidas protecionistas podem gerar “incertezas às atividades econômicas e comerciais internacionais”.
Tensão com os EUA: Trump eleva tom contra o Brics
Enquanto o bloco tenta consolidar sua posição no mundo multipolar, os Estados Unidos parecem aumentar a pressão sobre seus membros. O presidente Donald Trump voltou a atacar o Brics nas redes sociais, afirmando que qualquer país que adote políticas contrárias aos interesses norte-americanos será punido com uma tarifa adicional de 10%.
“Qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics será cobrado com uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política”, escreveu Trump recentemente.
Essa não é a primeira vez que Trump manifesta críticas ao bloco. Ele já chegou a sugerir tarifas de até 100% caso os países do Brics lancem uma moeda única que possa concorrer com o dólar americano. Além disso, ele defende uma postura mais agressiva no comércio internacional, argumentando que isso ajudará a impulsionar a indústria nacional e proteger empregos americanos.
Apesar da retórica dura, há confusão quanto ao cronograma de implementação dessas tarifas. Inicialmente previstas para entrar em vigor em abril, elas foram adiadas por três meses e, posteriormente, remarcadas para 1º de agosto. No entanto, diferentes vozes dentro do governo norte-americano têm dado sinais contraditórios sobre a data exata.
O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que as tarifas começarão a ser aplicadas no dia 1º de agosto, enquanto o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que essa data não deve ser interpretada como um novo prazo definitivo.
Um mundo em transformação
O crescimento do Brics reflete uma mudança profunda na ordem mundial. Enquanto antigas potências ocidentais enfrentam crises internas e divisões políticas, os países emergentes buscam construir novas alianças e formas de cooperação. O bloco tem discutido desde mecanismos de pagamentos alternativos ao dólar até fundos de desenvolvimento compartilhado.
Para especialistas, a escolha de uma sede permanente pode marcar um novo capítulo na história do Brics, tornando-o ainda mais relevante no tabuleiro global. E o Rio de Janeiro, com sua vocação internacional e legado histórico, surge como um nome forte nessa corrida.
“A cidade tem tudo para abrigar algo tão importante e transformador”, afirma um analista internacional que acompanha de perto o tema. “Além de ter a infraestrutura, o Rio carrega uma identidade multicultural e cosmopolita que combina com a missão do Brics.”
Se a proposta for aceita, o Jockey Club Brasileiro poderá se tornar palco de debates que moldarão o futuro da economia, da diplomacia e da governança global. Um novo capítulo começa a ser escrito — e talvez tenha como endereço principal um dos cartões-postais do Brasil.
Com informações de Agência Brasil e BBC
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