》Colonização israelense avança sobre Gaza – Expresso Noticias
Vamos ao assunto:
A aprovação do assentamento em E1 acirra tensões e ameaça a viabilidade de um estado palestino, enquanto alertas internacionais se multiplicam
O governo de Israel concedeu, na quarta-feira, aprovação final a um controverso projeto de assentamento na Cisjordânia ocupada, que, segundo especialistas, poderia efetivamente dividir o território palestino em duas partes. A medida gerou forte reação internacional e acendeu preocupações sobre o futuro de um estado palestino, considerado inviável por palestinos e organizações de direitos humanos caso o projeto avance.
O assentamento, situado na região conhecida como E1, a leste de Jerusalém, é alvo de debates há mais de duas décadas. Durante governos anteriores, o plano chegou a ser congelado sob pressão dos Estados Unidos. Hoje, a maioria da comunidade internacional considera a construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia ilegal, apontando que eles representam um obstáculo direto à paz na região.
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Para o ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, figura de extrema direita e ex-líder de colonos, a aprovação do projeto é um recado direto aos países ocidentais que, recentemente, anunciaram intenções de reconhecer um estado palestino.
“O Estado palestino está sendo apagado da mesa não com slogans, mas com ações”, afirmou Smotrich. “Cada assentamento, cada bairro, cada unidade habitacional é mais um prego no caixão dessa ideia perigosa.”
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu mantém firme a posição de rejeitar a criação de um estado palestino ao lado de Israel, prometendo controle absoluto sobre a Cisjordânia ocupada, Jerusalém Oriental, que Israel anexou, e a Faixa de Gaza, devastada pela guerra. Todos esses territórios foram capturados por Israel na Guerra de 1967, mas são reivindicados pelos palestinos para a formação de seu estado.
A decisão ocorre em meio a um contexto de tensão crescente para os palestinos na região. A atenção global está concentrada na guerra em Gaza, mas a Cisjordânia enfrenta uma escalada de violência e restrições cotidianas: ataques de colonos contra palestinos, despejos forçados, operações militares israelenses, postos de controle que limitam a liberdade de circulação, além de incidentes de ataques palestinos contra israelenses.
Atualmente, mais de 700 mil colonos israelenses vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, reforçando uma presença que dificulta ainda mais a possibilidade de um acordo de paz duradouro. Especialistas alertam que a implementação do projeto em E1 pode tornar quase impossível a criação de um estado palestino territorialmente contíguo, consolidando um cenário de divisão permanente e aumentando o risco de novos confrontos.
A aprovação do assentamento reacende debates antigos sobre a legalidade e a ética da expansão territorial, ao mesmo tempo em que desafia a comunidade internacional a definir uma posição clara diante do avanço da colonização. Para palestinos, cada passo nesse sentido representa não apenas a perda de território, mas também a erosão das perspectivas de um futuro independente e soberano.
A importância estratégica de E1 está justamente na sua localização: a área representa uma das últimas ligações geográficas entre as principais cidades da Cisjordânia, Ramallah, ao norte, e Belém, ao sul. Embora estejam separadas por apenas 22 quilômetros, palestinos que viajam entre elas enfrentam desvios extensos e passam por múltiplos postos de controle israelenses, transformando uma viagem curta em horas de deslocamento. A expectativa era que, em um eventual estado palestino, a região pudesse servir como um corredor direto entre essas cidades, fortalecendo a conectividade interna do território.
Para organizações de monitoramento da ocupação, a aprovação do assentamento é um obstáculo claro à paz. “O assentamento em E1 não tem outro propósito senão sabotar uma solução política”, afirmou a Peace Now, grupo que acompanha a expansão de colonos na Cisjordânia. “Embora o consenso entre nossos amigos no mundo seja lutar pela paz e por uma solução de dois Estados, um governo que há muito tempo perdeu a confiança do povo está minando o interesse nacional, e todos nós estamos pagando o preço.”
Se o processo avançar sem grandes impedimentos, os especialistas acreditam que as obras de infraestrutura em E1 poderão começar nos próximos meses, com a construção de casas iniciando em aproximadamente um ano. O projeto prevê cerca de 3.500 apartamentos, que ficariam próximos ao assentamento já existente de Maale Adumim, fortalecendo a presença israelense na região. Na mesma reunião, Smotrich comemorou ainda a aprovação de 350 residências no assentamento de Ashael, próximo a Hebron.
O governo israelense atual é fortemente influenciado por políticos religiosos e ultranacionalistas, como Smotrich, que mantém laços estreitos com o movimento de colonos. Como ministro das Finanças, ele recebeu autoridade ministerial sobre as políticas de assentamentos e deixou claro seu objetivo: dobrar a população de colonos na Cisjordânia.
A decisão reaviva as tensões na região e aumenta as preocupações sobre a viabilidade de um acordo de paz duradouro, enquanto a Cisjordânia continua sendo palco de conflitos diários e restrições severas à movimentação de palestinos. Para especialistas, o avanço de E1 não apenas consolida uma presença territorial estratégica de Israel, mas também simboliza o desafio persistente para a solução de dois Estados, alimentando um cenário de incertezas políticas e humanitárias que tende a se intensificar nos próximos anos.
Com informações de AP*
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