》Empresas dos EUA pressionam por acordo e tentam impedir tarifa de Trump contra o Brasil – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

Representantes de multinacionais norte-americanas com atuação no Brasil se reuniram nesta quarta-feira, 16, com autoridades do governo brasileiro para discutir alternativas à tarifa de 50% anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.

O encontro, liderado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, teve a participação de executivos da Amazon, Coca-Cola, General Motors, Caterpillar, MedTech, Dow, John Deere, entre outras.

A reunião foi realizada no âmbito do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, criado para coordenar a resposta do Brasil às barreiras comerciais impostas por Washington. Também estiveram presentes representantes da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) e da US Chamber, que manifestaram apoio a uma solução negociada entre os dois países.

Em nota conjunta, as duas entidades declararam: “Tanto a Amcham quanto a US Chamber fizeram uma nota conjunta. E nessa nota, elas colocam a sua posição favorável à negociação e que se possa rever a questão das alíquotas”, relatou Alckmin durante o encontro.

Ele também destacou o alerta contido no texto: “A imposição de medidas tarifárias como resposta a questões políticas mais amplas tem o potencial de causar danos graves a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos, além de estabelecer um precedente preocupante”.

Segundo Alckmin, o posicionamento das empresas mostra que há interesse de ambos os lados em evitar prejuízos comerciais. “É um perde-perde”, afirmou. “Nós queremos todo mundo unido para resolver essa questão. E as empresas têm um papel importante, tanto as brasileiras, que aliás têm indústria nos Estados Unidos, quanto as empresas americanas.”

Durante o encontro, o vice-presidente citou os vínculos históricos de grandes corporações com o Brasil. “A General Motors comemorou esse ano, participei do seu centenário no Brasil. A Johnson & Johnson tem 90 anos, a Caterpillar tem 70 anos, muitas delas exportam para os Estados Unidos.”

A Agência Gov, que divulgou detalhes da reunião, informou que o governo brasileiro enviou recentemente uma nova carta à administração dos EUA, reiterando a disposição por uma solução consensual.

“A carta foi confidencial aos Estados Unidos enumerando um conjunto de itens que se poderia avançar no acordo comercial, sempre procurando estimular o acordo comercial, estimular complementariedade econômica e crescimento do comércio exterior, que é emprego e renda”, disse Alckmin.

O presidente da Amcham Brasil, Abrão Neto, reforçou a posição do setor empresarial. “O nosso desejo, que é um sentimento, acho que, unânime no setor empresarial aqui no Brasil, é de se buscar a construção de uma solução negociada entre os dois governos e que aconteça de maneira a impedir um aumento tarifário”, declarou. “O setor empresarial brasileiro e americano tem buscado contribuir com o governo brasileiro e contribuir também do lado americano, trazendo essas suas percepções”, acrescentou.

Dados do governo apontam que aproximadamente 10 mil empresas brasileiras exportam atualmente para os Estados Unidos. Essa atividade está associada à geração de cerca de 3,2 milhões de empregos no Brasil. A nova tarifa de 50%, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, pode impactar diretamente esse fluxo de comércio.

Alckmin também comentou sobre a investigação aberta pelos EUA com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, que serve como base jurídica para a imposição de medidas retaliatórias. Segundo ele, o Brasil está pronto para prestar todos os esclarecimentos necessários. “Vários dos temas levantados na investigação já vêm sendo enfrentados com seriedade pelo governo brasileiro”, afirmou.

Além do debate sobre a medida tarifária, o encontro também foi marcado por manifestações do governo brasileiro em favor da ampliação das relações comerciais com os Estados Unidos, desde que essas relações se mantenham em condições equilibradas e sem interferências de ordem política.

A participação de empresas norte-americanas com forte presença no Brasil reforça o esforço bilateral para evitar um impasse econômico. A presença de multinacionais como Amazon, General Motors, Coca-Cola, Dow, Corteva Agriscience, Sylvamo, Caterpillar, MedTech e John Deere foi interpretada como um gesto de pressão sobre a administração americana para que adote uma abordagem mais flexível.

Com o prazo de implementação da tarifa se aproximando, a mobilização conjunta entre setor privado e autoridades de ambos os países aparece como uma tentativa de evitar uma escalada nas tensões comerciais. A expectativa é de que a negociação avance nas próximas semanas, com o objetivo de preservar o intercâmbio entre duas das maiores economias do continente.

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