》Encontro com Trump no Alasca é vitória diplomática para Putin – Expresso Noticias
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Segundo Paulo Velasco, especialista em relações internacionais, reunião desta sexta (15), sem Ucrânia e Europa, favorece Moscou e amplia pressão sobre aliados
O encontro marcado para esta sexta-feira (15) entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, representa uma vitória diplomática para o Kremlin e preocupa aliados europeus. A avaliação é de Paulo Velasco, professor de Relações Internacionais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
“Podemos dizer que o simples encontro de hoje já é uma vitória diplomática para Putin, que certamente reconhece e poderá alegar que o isolamento internacional da Rússia, por óbvio, fica reduzido”, afirma. O local do encontro, o Alasca, nos EUA, é estratégico: fica a apenas 90 km da Rússia e distante da Europa, o que facilita o isolamento de Kiev e de líderes europeus.
Para Velasco, a ausência do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e de autoridades da União Europeia é intencional. “Não interessa à Rússia ter Zelensky sentado à mesa, ele prefere manter um canal de diálogo direto com os Estados Unidos, isolando o seu desafeto com quem está em guerra há mais de três anos. E também não interessa ao Kremlin a presença de autoridades europeias porque a Europa mantém uma postura muito mais dura contra a Rússia do que a que vem sendo mantida pelo Donald Trump”, explica.
A exclusão incomoda os europeus, que temem um fortalecimento russo, acredita o professor. “A Europa se sente escanteada, deixada de fora, então ela perde muito da sua voz, da sua incidência”, diz Velasco. Ele acrescenta que “entende-se ali, na Europa, que [o conflito] pode ser apenas o primeiro passo” para novas tensões na região.
Rússia pode negociar, mas paz é improvável
Segundo o internacionalista, a Rússia vive uma “pressão estratégica, militar e também financeira” e pode se mostrar disposta a negociar. Ele observa que a economia russa, embora não estrangulada, sofre com queda nas receitas de petróleo e gás e sanções indiretas, como tarifas impostas à Índia por manter compras de hidrocarbonetos russos.
Apesar da expectativa, Velasco vê como improvável um acordo de paz definitivo sem participação ucraniana. “A paz só pode ser acordada entre as duas partes que estão em guerra”, pontua.
Entre as exigências russas estão manter o controle dos territórios anexados e garantir que a Ucrânia não entre na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), nem receba armas estratégicas, incluindo nucleares.
A Ucrânia, por sua vez, mantém a exigência de devolução integral do território, o que, na avaliação do analista, revela um impasse. “Talvez seja mais razoável, eventualmente, ceder, pelo menos, partes desses territórios ocupados pela Rússia, para poder justamente chegar a um entendimento”, defende Velasco, destacando que Kiev depende fortemente da ajuda militar e financeira dos EUA.
Publicado originalmente pelo Brasil de Fato em 15/08/2025
Por Adele Robichez e Lucas Krupacz – São Paulo (SP)
Edição: Geisa Marques
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