》EUA exigem desarme do Hezbollah antes de paz no Líbano – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

O enviado especial Thomas Barrack ameaça deixar Beirute caso o governo libanês não tome posição oficial contra o grupo aliado à resistência


Os Estados Unidos estão intensificando a pressão sobre o Líbano para que o país tome uma decisão oficial comprometendo-se a desarmar o Hezbollah, antes que qualquer negociação avance sobre a interrupção dos ataques israelenses e a retirada das forças de ocupação do sul do país. A informação foi confirmada por várias fontes à agência Reuters nesta quarta-feira (30).

Segundo as fontes — que incluem autoridades libanesas, diplomatas e informantes próximos ao assunto —, sem um posicionamento claro do gabinete libanês sobre o desarmamento da resistência, os EUA suspendem a atuação do enviado especial Thomas Barrack em Beirute e deixam de pressionar Israel a cessar os bombardeios ou retirar suas tropas da região sul do Líbano.

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“Sem um compromisso público dos ministros libaneses, os EUA não enviarão mais o enviado Thomas Barrack a Beirute para negociações com autoridades libanesas, nem pressionarão Israel a interromper os ataques aéreos ou a retirar suas tropas do sul do Líbano”, afirmaram as fontes consultadas.

Washington apresentou recentemente a Beirute um roteiro que prevê, em troca da retirada das forças israelenses, o desarmamento completo do Hezbollah, além de reformas políticas e uma aproximação maior com a Síria. No entanto, o Líbano respondeu pedindo, como contrapartida, que Israel se retire primeiro e encerre os ataques contra seu território.

Pressão internacional e resistência local

Segundo informações anteriores da Reuters, Barrack teria informado às autoridades libanesas que o Hezbollah teria até novembro — ou, no máximo, o final deste ano — para se desarmar. A resposta oficial do governo libanês reafirmou a exigência de que Israel retire suas forças e pare os ataques antes de qualquer decisão interna.

Nabih Berri, presidente do parlamento libanês e líder do Movimento Amal — aliado histórico do Hezbollah — teria pedido aos EUA que pressionassem Israel a interromper os ataques como primeira medida para implementar o cessar-fogo acordado no ano passado. Quatro das fontes ouvidas pela Reuters afirmaram que Israel rejeitou a proposta no final da semana passada.

Diante disso, Washington passou a exigir a convocação de uma sessão do gabinete libanês para que seja aprovada uma decisão oficial comprometendo o país ao desarmamento do Hezbollah. “Os EUA estão dizendo que não há mais Barrack, não há mais troca de papéis – o conselho de ministros deveria tomar uma decisão e então podemos continuar discutindo. Eles não podem esperar mais”, disse uma fonte próxima ao governo libanês.

Medo de nova escalada

As fontes também revelaram que os governantes do Líbano temem que a ausência de um compromisso claro com o desarmamento do Hezbollah possa desencadear uma nova escalada dos ataques israelenses — inclusive em áreas estratégicas como a capital, Beirute.

O primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, deve convocar uma reunião ministerial nos próximos dias para discutir a situação. A pressão internacional aumenta enquanto o Hezbollah se recusa a entregar suas armas, afirmando estar disposto a discutir a integração de seu arsenal ao Estado como parte de uma estratégia defensiva nacional contra Israel.

“Enquanto o Hezbollah mantiver armas, palavras não serão suficientes. O governo e o Hezbollah precisam se comprometer totalmente e agir agora para não relegar o povo libanês ao instável status quo”, declarou Barrack após sua última visita ao Líbano.

Violações constantes e ocupações ilegais

Segundo relatos da mídia israelense, as forças de Tel Aviv estão se preparando para continuar os ataques ao Líbano mesmo com o cessar-fogo em vigor — e mesmo que isso signifique o início de um novo conflito. Desde novembro do ano passado, Israel teria violado o acordo mais de 3.000 vezes, resultando na morte de mais de 200 pessoas.

Além disso, mesmo após o cessar-fogo, Israel mantém a ocupação de cinco posições estratégicas no lado libanês da fronteira. O país também acusa o Hezbollah de tentar se reorganizar militarmente e justifica seus ataques quase diários como uma forma legítima de aplicar o acordo.

Enquanto isso, o Hezbollah afirma que está aberto a negociações internas para integrar suas forças à defesa nacional do Líbano, mas condiciona qualquer mudança à retirada das forças israelenses e ao fim dos bombardeios. Com as tensões aumentando, o futuro da região permanece incerto — e dependente das decisões que Líbano e comunidade internacional tomarão nas próximas semanas.

Israel se prepara para continuar ataques ao Líbano até desarmamento do Hezbollah, apontam fontes

Mesmo com um cessar-fogo em vigor desde novembro do ano passado, o exército israelense está se preparando para manter uma ofensiva contínua contra posições do Hezbollah no Líbano. Segundo relatos da imprensa israelense, Tel Aviv mantém uma postura inflexível: os ataques só serão interrompidos quando o grupo de resistência libanesa entregar todas as suas armas.

O Jerusalem Post divulgou que Israel considera os ataques atuais como parte de uma estratégia de longo prazo “até que o Hezbollah seja desarmado”. A publicação destacou que as Forças de Defesa de Israel (IDF) já causaram danos significativos à capacidade do grupo de ameaçar o território israelense. “Uma parte essencial dessa estratégia é o dano substancial contínuo às forças do Hezbollah”, afirmou o veículo.

Já o jornal Haaretz indicou que o Hezbollah estaria em sua “situação mais difícil desde sua criação”, após perder grande parte de seu arsenal de foguetes e a eficácia para lançá-los. Segundo o jornal, a principal ameaça restante do grupo são os drones, que ainda representam um risco para áreas civis no norte de Israel.

Pressão militar e tentativas de reorganização

Fontes israelenses ouvidas pelo canal saudita Al-Arabiya afirmaram que a ofensiva continuará enquanto o Hezbollah violar o cessar-fogo. Os ataques, segundo as fontes, são direcionados a alvos militares e focados na liderança do movimento. “Os assassinatos continuarão no futuro, com monitoramento rigoroso do surgimento de qualquer novo líder do Hezbollah”, disse uma das fontes, acrescentando que Israel identificou tentativas do grupo de reconstituir suas estruturas.

“Não hesitaremos em atacar qualquer nível de liderança do Hezbollah se isso se tornar uma ameaça”, reforçou.

Tensão interna no Líbano

O líder do partido Forças Libanesas (LF), Samir Geagea, alertou na terça-feira (29) que o Líbano enfrentará um “verão violento” caso o Hezbollah continue se recusando a desarmar. O LF é um partido tradicionalmente contrário ao Hezbollah e com laços históricos com o Ocidente e Israel.

Em entrevista ao Asharq al-Awsat, Geagea ressaltou que o acordo de cessar-fogo estabelece claramente que todas as armas devem ser centralizadas sob o controle estatal. “Recebemos um prazo de 120 dias para implementação. O acordo identificou explicitamente quais mecanismos podem portar armas, desde o exército até as forças de segurança municipais”, afirmou.

Segundo ele, alguns partidos políticos no Líbano têm ignorado essas disposições, concentrando-se apenas em criticar a agressão israelense. Geagea também declarou que o Líbano não tem condições de enfrentar Israel sozinho, mas pode expulsar as forças ocupantes com apoio do Golfo e do Ocidente.

Pressão dos EUA pelo desarmamento

O enviado especial dos Estados Unidos ao Líbano, Thomas Barrack, teria alertado autoridades libanesas de que o Hezbollah precisa ser totalmente desarmado até o final do ano. A exigência faz parte de um roteiro apresentado por Washington que envolve reformas políticas, aproximação com a Síria e o retorno da soberania total sobre a fronteira sul.

No entanto, o Hezbollah tem rejeitado repetidamente a ideia de entregar suas armas. Embora o governo libanês prometa alcançar o monopólio estatal sobre todas as forças armadas no país, o grupo afirma estar disposto a discutir a integração de seu arsenal ao Estado como parte de uma estratégia defensiva nacional contra Israel.

Essa proposta, no entanto, é condicionada à retirada das tropas israelenses e ao fim dos ataques constantes contra o Líbano. Desde o cessar-fogo, centenas de pessoas foram mortas no país, incluindo civis inocentes afetados pelos bombardeios israelenses.

Risco de nova escalada

Com Israel mantendo sua ofensiva e o Hezbollah reafirmando sua postura de resistência, o Líbano caminha para um período de intensa volatilidade. Enquanto Washington continua pressionando pela solução política e o desarmamento do grupo, Tel Aviv prepara-se para prolongar seus ataques — mesmo correndo o risco de romper novamente o frágil equilíbrio regional.

Neste contexto, o primeiro-ministro Nawaf Salam deve convocar uma reunião ministerial nas próximas semanas para definir a posição oficial do governo diante da crise. Com ou sem resposta concreta, o tempo começa a se esgotar para evitar uma nova guerra que pode devastar novamente o Líbano — e alterar profundamente o cenário político do Oriente Médio.

Com informações de The Cradle e Agências de Notícias*

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