》Governo Lula vê tarifa de Trump como pressão por Bolsonaro fora da cadeia em 2026 – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

O Palácio do Planalto trabalha com a possibilidade de que os Estados Unidos anunciem ainda nesta semana uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Internamente, integrantes do governo brasileiro têm se referido à medida como “Tarifa Bolsonaro”. A informação foi publicada pelo colunista Assis Moreira no jornal Valor Econômico.

A medida está prevista para entrar em vigor no dia 1º de agosto e é interpretada em Brasília como um gesto político do presidente norte-americano, Donald Trump, em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Além da elevação tarifária, há a expectativa de que o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) abra uma investigação formal sobre as relações comerciais bilaterais com o Brasil. O processo poderá durar até um ano.

De acordo com fontes do governo brasileiro, a correspondência enviada por Trump ao Brasil aponta que não há espaço para negociação no caso da tarifa. A leitura é que a motivação da Casa Branca é política, não econômica, com dois objetivos principais: permitir que Bolsonaro dispute as eleições de 2026 e garantir liberdade de atuação para grandes empresas de tecnologia norte-americanas no mercado brasileiro.

“O governo topa negociar, desde que com o foco mantido no âmbito econômico-comercial qualquer questão tarifária, incluindo a ‘Tarifa Bolsonaro’ de 50%”, declarou uma fonte ouvida pela reportagem.

Apesar do tom considerado inflexível por parte dos Estados Unidos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por não reagir imediatamente com retaliações. A estratégia no curto prazo é a elaboração de um plano para reduzir os impactos econômicos da tarifa sobre setores estratégicos. O conteúdo desse plano está sendo desenvolvido por técnicos e deverá ser apresentado ao presidente nos próximos dias.

O Planalto também se prepara para a possibilidade de novas ações dos Estados Unidos, especialmente se o julgamento de Jair Bolsonaro avançar entre os meses de setembro e outubro. Entre as hipóteses em análise está a aplicação de sanções financeiras direcionadas a pessoas específicas, como forma de sinalizar descontentamento à atuação do sistema judiciário brasileiro.

Ao mesmo tempo, a diplomacia brasileira acompanha os movimentos da Argentina, que sob a liderança do presidente Javier Milei busca um acordo comercial direto com os Estados Unidos. O governo argentino tem explorado brechas na Tarifa Externa Comum do Mercosul para negociar termos bilaterais. O volume de comércio entre Argentina e EUA é menor, o que pode facilitar avanços rápidos. Para Washington, o interesse ultrapassa o comércio e envolve temas como a não regulação de plataformas digitais e o acesso a matérias-primas como o lítio.

Como reação ao novo cenário, o Brasil tem buscado acelerar a diversificação de seus parceiros comerciais. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também chefia o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, tem viagem marcada para o México em agosto. A missão é ampliar o acordo bilateral entre os dois países, que pode ser firmado sem necessidade de aprovação do Mercosul.

A “Tarifa Bolsonaro”, nome informal utilizado por setores do governo federal, é considerada mais do que uma medida econômica. Para autoridades em Brasília, trata-se de uma ação política e diplomática com repercussões diretas sobre o relacionamento entre os dois países.

A tensão comercial ocorre em um momento de reconfiguração do cenário geopolítico global, com países emergentes buscando maior autonomia regulatória e os Estados Unidos reforçando medidas unilaterais em defesa de seus interesses estratégicos.

Ainda não há manifestação oficial da Casa Branca sobre a intenção de reverter ou suavizar a tarifa. O governo brasileiro, por sua vez, aguarda definições nas próximas semanas antes de tomar medidas adicionais no campo diplomático ou jurídico.

O impacto econômico da medida dependerá dos setores incluídos na lista tarifária e da duração das sanções. As exportações brasileiras para os Estados Unidos envolvem produtos industriais, agrícolas e minerais. Um aumento abrupto de 50% nas tarifas pode afetar diretamente a competitividade de empresas brasileiras nesses mercados.

O governo federal avalia que os desdobramentos políticos da tarifa poderão ter influência direta sobre o ambiente eleitoral brasileiro, especialmente se houver interferência explícita do governo norte-americano sobre o processo que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro na Justiça.

A equipe econômica estuda, entre outras medidas, subsídios temporários, diversificação de mercados e renegociação de contratos para minimizar o impacto nas cadeias produtivas afetadas. A prioridade, segundo interlocutores do Planalto, é preservar empregos e evitar desaceleração nos setores mais vulneráveis.

Nos próximos dias, a posição oficial do governo brasileiro deverá ser definida em reuniões entre Casa Civil, Itamaraty, Ministério da Fazenda e Ministério do Desenvolvimento. O objetivo é consolidar uma resposta técnica e política que evite a escalada do conflito e preserve os interesses comerciais do país.

www.expressonoticias.website