》Líder do Hezbollah convoca exército a resgatar soberania – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

Em discurso, Naim Qassem pede que governo e Forças Armadas assumam o protagonismo na defesa do Líbano diante de pressões de Israel e dos EUA


O secretário-geral do Hezbollah, Naim Qassem, fez um pronunciamento televisionado no último dia 25 de agosto no qual pediu que o governo e o exército libanês assumam a responsabilidade de “recuperar a soberania” do país. O discurso ocorre em um momento de forte pressão de Israel e dos Estados Unidos para que as forças de resistência islâmica entreguem seu arsenal militar.

Qassem foi categórico ao responsabilizar o vizinho israelense e Washington pelos principais problemas que o Líbano enfrenta. “O Líbano precisa recuperar sua soberania sobre suas terras, e todos os nossos problemas vêm do inimigo israelense e de seu apoiador americano”, afirmou.

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O líder do movimento também defendeu que as Forças Armadas Libanesas (FAL) devem ser a principal instituição encarregada da proteção do país, mas sem abrir mão do papel de suporte desempenhado pelo Hezbollah. “O exército deve ser aquele que protege o país, enquanto a resistência serve como uma força de apoio”, acrescentou.

Pressões externas e decisões internas

Desde o início de agosto, o governo libanês vem tomando medidas que vão ao encontro das exigências de Israel e dos Estados Unidos. No dia 5, o gabinete incumbiu as Forças Armadas de elaborar, até o fim do ano, um plano para colocar todas as armas sob controle estatal. Pouco depois, em 7 de agosto, a administração do presidente Joseph Aoun aprovou uma proposta apresentada pelo enviado norte-americano Tom Barrack, que previa justamente o desarmamento do Hezbollah.

Em resposta, Qassem rejeitou a iniciativa e disse que o foco deveria ser outro: “Soberania significa pôr fim à ocupação, e o governo é responsável por elaborar um plano para alcançá-la. Peço que mantenham discussões intensivas para restaurar a soberania”, declarou durante o pronunciamento.

A sucessão após a morte de Nasrallah

Qassem assumiu a liderança do Hezbollah em setembro do ano passado, após a morte de Hassan Nasrallah, assassinado por Israel durante a guerra no Líbano. Poucos meses depois, em novembro, foi firmado um cessar-fogo, em meio a intensos combates, que impediram a entrada das tropas terrestres israelenses em território libanês.

O dirigente ressaltou a importância da resistência armada nesse processo. “Conseguimos dissuadir Israel por 17 anos, o que é considerado um feito excepcional. Sem nós, Israel teria chegado a Beirute como chegou a Damasco e teria ocupado 600 quilômetros. A resistência continuará sendo uma barreira que impede Israel de atingir seus objetivos. Não abriremos mão das armas que nos protegem do inimigo”, afirmou.

Apesar do acordo de cessar-fogo, os confrontos não cessaram totalmente. Israel continua a bombardear áreas do Líbano e mantém tropas em cinco pontos estratégicos no sul do país. Segundo balanços recentes, mais de 200 pessoas morreram desde a assinatura do acordo.

O discurso de Qassem também veio acompanhado de um chamado à união interna. “Peço aos partidos políticos e intelectuais que apoiem o governo com suas propostas para recuperar a soberania nacional por todos os meios”, disse o secretário-geral.

Na mesma linha, o Hezbollah e o Movimento Amal, seu aliado histórico, convocaram uma grande manifestação em Beirute. A mobilização estava marcada para o dia 27 de agosto, na Praça Riad al-Solh, mas acabou sendo adiada sem data definida.

Em uma declaração conjunta, o Escritório Central do Trabalho do Movimento Amal e a Unidade Central de Sindicatos e Trabalhadores do Hezbollah justificaram a convocação como uma resposta direta às medidas adotadas pelo governo libanês nos dias 5 e 7 de agosto. O comunicado destacou que a resistência não abrirá mão de seu papel militar: o protesto seria “uma reafirmação do nosso direito de proteger nossas armas, que provaram sua capacidade de repelir agressões, e do nosso direito de resistir ao inimigo israelense que viola nossa terra, ocupa partes dela e restringe nossa liberdade”.

Conflito prolongado

Com o recrudescimento das pressões internacionais e a divisão política dentro do Líbano, o futuro do Hezbollah e o equilíbrio de forças no país permanecem incertos. Para Qassem, entretanto, a equação é clara: a soberania libanesa só poderá ser restaurada com a manutenção da resistência armada e com a mobilização da sociedade para enfrentar tanto a ocupação israelense quanto as ingerências externas.

Com informações de The Cradle*

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