》Lula assume liderança do Mercosul com foco em acordo com UE, comércio sustentável e nova fase de integração regional – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca nesta quinta-feira, 3, em Buenos Aires para participar da 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul. Na ocasião, o Brasil assumirá da Argentina a presidência pro tempore do bloco, que será exercida até o primeiro semestre de 2026. A informação foi divulgada pela Agência Gov.

Na véspera da viagem, a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, declarou que o Mercosul ocupa “papel estratégico na política externa brasileira”. Segundo ela, “não preciso ressaltar a importância que o Brasil atribuiu ao Mercosul no nosso objetivo maior de promover a integração regional, que é um objetivo constitucional, histórico e atual do presidente Lula e da diplomacia brasileira”.

Negociação com a União Europeia será prioridade

O principal desafio imediato da presidência brasileira será concluir o Acordo de Associação entre o Mercosul e a União Europeia, cujas negociações se arrastam há mais de vinte anos. Padovan destacou que “temos a expectativa de assinar mesmo o acordo com a União Europeia, que está finalizado, passando por traduções para 27 línguas, e tem de passar pelas instâncias europeias”. Segundo ela, o presidente Lula tem atuado diretamente nas tratativas, inclusive junto ao presidente francês Emmanuel Macron.

A embaixadora ressaltou que o bloco atua com maior força quando negocia de forma conjunta. “Sozinhos, negociações com grandes blocos seriam mais fragilizadas. Juntos somos mais fortes para nos colocarmos globalmente”, afirmou.

Revisão tarifária e plano para um “Mercosul verde”

Outro ponto previsto na agenda brasileira é a revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) e a integração dos setores automotivo e sucroalcooleiro ao regime aduaneiro do bloco. Também está prevista a apresentação de um projeto de “Mercosul verde”, com foco em práticas comerciais sustentáveis. De acordo com Padovan, o objetivo é “promover a cooperação para que não só o nosso comércio seja mais sustentável, mas também que mostremos ao mundo as nossas credenciais verdes: temos uma matriz energética renovável e nossa agricultura é sustentável”.

Focem 2 deve apoiar obras de infraestrutura

Para enfrentar desigualdades entre os países do bloco, o governo brasileiro pretende lançar a segunda fase do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem 2). Padovan explicou que a versão anterior mobilizou aproximadamente US$ 1 bilhão em iniciativas como a Costaneira no Paraguai. “A gente anda por ela e é um orgulho ver que o Mercosul é capaz de ajudar em obras tão fundamentais”, declarou. O Brasil tem oito novos projetos na fila de financiamento.

Instituições sociais em pauta

O governo também quer ampliar o papel do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH) e do Instituto Social do Mercosul (ISM). “Nós gostaríamos de ver esses institutos mais vigorosos. Trabalharemos para ajudá-los a cumprirem a sua função importantíssima de preparar corpos técnicos, de fazer estudos, de difundir dados e elementos e de promover efetivamente temas fundamentais, como são direitos humanos e o tema da justiça e cuidado social”, disse a embaixadora.

Crescimento comercial e nova conjuntura regional

Dados oficiais indicam que o comércio entre os países do bloco somou US$ 17,5 bilhões entre janeiro e maio de 2025. O saldo comercial brasileiro foi de US$ 3 bilhões no período. Entre os produtos mais comercializados estão veículos, trigo, energia elétrica e minério de ferro.

Em 2024, a Bolívia foi formalmente incorporada como membro pleno do Mercosul, o que ampliou o mercado do bloco para mais de 295 milhões de habitantes.

Projeção internacional e diplomacia regional

A cúpula também será espaço para a promoção da estratégia brasileira de integração regional como caminho para o desenvolvimento sustentável. O governo federal considera o Mercosul peça central de uma política externa baseada em diálogo, justiça social e transição ecológica. Essa visão está ligada ao posicionamento do Brasil como ator diplomático em um cenário global fragmentado.

Com a presidência rotativa, o Brasil poderá liderar o debate sobre o futuro do bloco, com foco na ampliação da cooperação econômica e social. A agenda também prevê a valorização dos países associados, como o Panamá, e a criação de mecanismos de apoio a pequenas e médias empresas, com atenção a políticas de inclusão.

Histórico e estrutura do Mercosul

O Mercosul foi fundado em 1991 e reúne Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia, além de países associados. O bloco já aprovou mais de 3 mil normas que abrangem temas como comércio, saúde, previdência e energia. Os acordos garantem livre circulação de pessoas, reconhecimento de direitos previdenciários e unificação de normas sanitárias. O Mercosul também atua na gestão de recursos naturais estratégicos, como o Aquífero Guarani.

A presidência brasileira terá como desafio consolidar o bloco como plataforma de integração econômica e institucional. Segundo o Itamaraty, o objetivo é alinhar competitividade, justiça social e sustentabilidade, reforçando o papel do Brasil na articulação regional.

www.expressonoticias.website

Giro no mundo