》Mídia chinesa: comércio e confiança aproximam Brasil e China – Expresso Noticias
Vamos ao assunto:
Matéria da chinesa Xinhua mostra que trocas entre Brasil e China vão além de produtos, envolvendo cultura, conhecimento e relações humanas que fortalecem a cooperação bilateral
Entre corredores repletos de produtos coloridos e movimentação constante de compradores, a cidade de Yiwu, no leste da China, tornou-se para Claus Malamud, comerciante brasileiro, muito mais do que um ponto de negócios: tornou-se um segundo lar. “Eu venho à China há mais de 20 anos”, contou Claus, que perdeu os pais ainda jovem e encontrou na vida profissional uma forma de reconstruir seu caminho. “E, há três anos, escolhi me estabelecer aqui.” Ao longo de duas décadas, ele realizou mais de 40 viagens à China, aprendendo a navegar no complexo mercado de commodities e aperfeiçoando a logística de importação de produtos para diversos continentes.
Hoje, Claus gerencia um fluxo intenso de exportações, enviando de 20 a 30 contêineres por mês para clientes no Brasil, África e Austrália. Seu trabalho abrange desde a personalização de produtos até rigorosas inspeções de qualidade, consolidando sua reputação de confiabilidade e eficiência.
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“As pessoas perguntam por que estou em Yiwu. A resposta é simples. A China funciona”, disse Claus. “É rápida, eficiente e nunca para de se adaptar. Nunca me senti deslocado aqui. De muitas maneiras, é meu lar.” Suas palavras refletem não apenas a experiência pessoal, mas também o que muitos estrangeiros encontram ao se engajar com o país: um ambiente de oportunidades, organização e dinamismo econômico que impulsiona o comércio internacional.
Essa confiança mútua também se manifesta no nível institucional, conforme observa Henrique da Nóbrega, presidente da Associação de Amizade Brasil-China. Embora sua primeira visita à China tenha sido há cerca de uma década, ele ainda guarda na memória a impressão deixada pelo país.
“Fiquei impressionado com o nível de desenvolvimento do país, seu senso de ordem e, acima de tudo, a hospitalidade que recebi”, disse Nóbrega. Desde então, retornou à China mais quatro vezes, acompanhando não apenas o crescimento econômico do país, mas também o fortalecimento dos laços interpessoais entre brasileiros e chineses.
Segundo ele, o intercâmbio cultural e comercial tem sido um ponto central nesse relacionamento. “Muitos visitantes chineses demonstram grande interesse pelas frutas, ervas medicinais e biodiversidade do Brasil. E no Brasil, mais pessoas estão abraçando a cultura chinesa”, afirmou. Esse interesse crescente não se limita ao comércio: ele reflete uma aproximação gradual entre sociedades, com trocas que vão além de produtos, envolvendo conhecimento, tradições e experiências de vida.
Yiwu, com seu mercado globalmente reconhecido de commodities, tornou-se símbolo dessa parceria. Para empresários como Claus, é o lugar onde eficiência e adaptabilidade se unem, criando condições para que negócios floresçam de forma consistente. Para autoridades e associações de amizade, é a prova concreta de que o comércio internacional pode ser um instrumento de aproximação cultural e fortalecimento de laços bilaterais.
O exemplo de Claus e a visão de Nóbrega ilustram como a relação entre Brasil e China não se limita às estatísticas econômicas. É também uma história de pessoas, confiança e aprendizado mútuo, onde cada contêiner enviado representa não apenas mercadorias, mas a construção de pontes entre dois países que compartilham interesses, curiosidade e respeito pelo trabalho do outro.
Em um mundo cada vez mais globalizado, o intercâmbio entre brasileiros e chineses em Yiwu mostra que o comércio, aliado à confiança e à compreensão cultural, pode transformar negócios em relações duradouras e mutuamente enriquecedoras.
Nóbrega acredita que o progresso da China na redução da pobreza, no desenvolvimento de infraestrutura e na segurança alimentar oferece lições valiosas para o Brasil e outras nações em desenvolvimento. “Este é um país que pensa a longo prazo, planeja e entrega”, disse ele, destacando a consistência das políticas chinesas e o impacto positivo que isso tem sobre a estabilidade econômica e social.
Para os comerciantes brasileiros em solo chinês, essa confiança se traduz em decisões concretas de investimento e expansão. Um deles, conhecido pelo nome chinês Li Ke, atua no mercado de Yiwu há quase 20 anos. Sua linha de produtos evoluiu de itens básicos para mercadorias mais especializadas, como suprimentos para animais de estimação, e hoje ele realiza embarques mensais que ultrapassam 10 contêineres.
“Foi em abril de 2023 que percebemos um ponto de virada, quando a China e o Brasil concluíram seu primeiro acordo transfronteiriço em RMB”, contou Li Ke. “Agora, com a liquidação em RMB, acho que está mais estável. É uma boa notícia para os exportadores. Conversei com outras pessoas do mesmo ramo e todos achamos que isso aumentará nosso volume de exportação.”
Para empresas como a de Li Ke, a liquidação em RMB representa mais do que uma mudança monetária: significa transações mais seguras, redução de riscos cambiais e maior confiança na cooperação a longo prazo entre os dois países.
Wu Dawei, presidente executivo da Associação Wenzhou no Brasil e residente no país desde 2001, reforça que os fatores institucionais também fazem diferença. “As políticas fiscais são transparentes, a administração é simplificada e a cultura de eficiência da China se traduz em resultados tangíveis no comércio internacional”, explicou. “A confiança política é sólida e nossas economias são complementares. Há espaço para crescimento tanto nos setores tradicionais quanto nos emergentes.”
O impacto dessa parceria se estende além do comércio. De Yiwu a Brasília, passando pelos portos, centros logísticos e reuniões políticas, a mensagem é clara: a cooperação entre China e Brasil oferece oportunidades compartilhadas e potencial de crescimento sustentável.
Para Claus Malamud, que encontrou em Yiwu não apenas uma base de negócios, mas um lar, a experiência vai além dos números. “Perdi minha família quando era jovem. Agora tenho amigos no Brasil e na China. Este lugar é mais do que uma base de negócios. É onde me sinto firme”, disse ele. “E no mundo de hoje, isso importa.”
A trajetória de brasileiros como Claus e Li Ke mostra que, quando combinados com políticas estáveis e visão de longo prazo, comércio, confiança e relações culturais podem se transformar em uma história de sucesso internacional — uma ponte viva entre dois países distantes geograficamente, mas cada vez mais próximos economicamente e culturalmente.
Com informações da Agência de Notícias Xinhua*
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