》Modo Família transforma TikTok em espelho dos filhos – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

Novo recurso permite que pais acompanhem publicações, seguidores e temas preferidos dos filhos no TikTok, estreitando o controle digital familiar


O TikTok anunciou nesta quarta-feira (30) o lançamento de uma nova funcionalidade nos Estados Unidos voltada para dar mais controle aos pais sobre o uso da plataforma pelos seus filhos adolescentes. A ferramenta, chamada de “Modo Família” (Family Sync, no original), permite que responsáveis acompanhem de perto atividades como publicações, stories e fotos feitas pelos jovens dentro do aplicativo.

A novidade faz parte de um esforço da rede social para oferecer mais transparência e segurança no ambiente digital, especialmente para famílias preocupadas com o tempo de tela e o tipo de conteúdo acessado pelos menores. Com o novo recurso, os pais poderão verificar se o adolescente ativou a opção de permitir downloads em seus vídeos, além de saber se a lista de seguidores está pública ou restrita.

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Outro ponto importante é que os responsáveis também terão acesso às informações sobre os temas que o jovem escolheu para personalizar seu feed de conteúdos. Isso pode ajudar os pais a entenderem melhor os interesses dos filhos e iniciar conversas mais abertas sobre o que eles consomem na internet.

A empresa destacou que essa é mais uma das cerca de 50 ferramentas já disponibilizadas dentro do programa de segurança voltado às famílias. Segundo nota oficial, o objetivo é “fornecer recursos que promovam diálogos contínuos e significativos entre pais e filhos sobre experiências online”.

Além do Modo Família, o TikTok revelou também o lançamento das “Missões de Bem-Estar” (Well-Being Missions), uma série de desafios rápidos e interativos com o intuito de incentivar hábitos mais saudáveis no uso do celular. Ao completar essas missões, os usuários ganham distintivos virtuais, que funcionam como reconhecimento por práticas digitais mais conscientes.

Com a expansão dessas ferramentas, o TikTok reforça seu compromisso em equilibrar engajamento e segurança, especialmente em um momento em que plataformas sociais passam por crescente pressão para proteger jovens usuários de conteúdos inadequados ou vícios tecnológicos.

A medida chega em um contexto em que pais, educadores e autoridades têm cada vez mais interesse em entender e controlar o impacto das redes sociais no comportamento e desenvolvimento dos adolescentes. O “Modo Família” surge, assim, como uma tentativa de aproximar a plataforma dos lares e trazer mais tranquilidade aos responsáveis pela segurança digital dos filhos.

Quase metade dos adolescentes nos Estados Unidos acredita que as redes sociais trazem mais prejuízos do que benefícios para a saúde mental dos jovens. É o que revela uma nova pesquisa do Pew Research Center divulgada nesta terça-feira (22), mostrando um aumento significativo na percepção negativa em relação ao impacto das plataformas digitais na vida dos jovens.

Segundo o levantamento, 48% dos adolescentes entre 13 e 17 anos consideram que as redes sociais têm um efeito “majoritariamente negativo” sobre seus colegas da mesma faixa etária — um salto em relação aos 32% registrados em pesquisa anterior realizada em 2022. Apenas 11% dos entrevistados afirmaram que o impacto é “majoritariamente positivo”.

Apesar dessa visão crítica sobre o ambiente virtual, apenas 14% dos jovens reconheceram que as redes sociais afetam negativamente a própria saúde mental deles — número que também cresceu em relação aos 9% apontados em 2022. A contradição indica que, embora os adolescentes percebam os riscos coletivos, ainda têm dificuldade em reconhecer os impactos individuais.

O estudo também mostra que muitos jovens estão tentando reduzir o tempo gasto online. Quase metade (45%) afirmou passar tempo demais nas redes sociais — aumento em relação aos 36% em 2022 — e 44% disseram ter diminuído o uso dessas plataformas e dos celulares nos últimos anos.

“O uso excessivo das redes sociais em nossa sociedade parece ser a principal causa de depressão entre pessoas da minha faixa etária”, relatou um dos adolescentes ouvidos na pesquisa. “As pessoas parecem se deixar afetar pelas opiniões de pessoas que não conhecem, e isso causa estragos no estado mental das pessoas.”

A preocupação com o bem-estar dos jovens não se limita ao ambiente familiar. Pais, educadores e autoridades públicas têm pressionado empresas de tecnologia para que adotem medidas mais efetivas na proteção dos usuários mais jovens. No ano passado, o então cirurgião-geral dos EUA, Vivek Murthy, chegou a sugerir que aplicativos incluíssem rótulos de alerta sobre os riscos às crianças e adolescentes, semelhantes aos encontrados em produtos como álcool e tabaco.

Países como a Austrália já adotaram medidas mais radicais, como a proibição legal do uso de redes sociais por menores de 16 anos. Nos Estados Unidos, o estado de Utah aprovou uma lei que obriga lojas de aplicativos a verificar a idade dos usuários e compartilhar essas informações com os desenvolvedores, em um esforço para proteger os jovens de conteúdos inadequados.

A pesquisa do Pew ouviu 1.391 adolescentes e seus pais entre setembro e outubro do ano passado, oferecendo um panorama detalhado sobre o comportamento digital dos jovens. Os resultados indicam que o impacto das redes sociais varia conforme gênero, raça e etnia. Meninas, por exemplo, são mais propensas a relatar efeitos negativos como perda de sono, diminuição da produtividade e piora na saúde mental.

Esses dados corroboram estudos anteriores que sugerem que o uso das redes pode ser mais prejudicial para meninas adolescentes, especialmente em relação à imagem corporal e ao aumento da exposição ao cyberbullying. Documentos internos vazados da Meta em 2021 revelaram que o Instagram piorava problemas de autoestima em uma a cada três adolescentes. Desde então, a empresa introduziu novas políticas e ferramentas de inteligência artificial para identificar jovens que fornecem informações falsas sobre idade ao se cadastrarem.

Apesar dos alertas, nem tudo são sombras no universo digital para os jovens. Cerca de 60% dos entrevistados afirmaram que as redes sociais oferecem um espaço para expressar sua criatividade. Além disso, a maioria destacou que as plataformas ajudam a manter contato com amigos e a se manter atualizada sobre o que acontece ao redor.

A saúde mental dos adolescentes é uma preocupação crescente. Enquanto 89% dos pais relataram estar “um pouco” ou “muito preocupados” com o tema, 77% dos jovens também se mostraram ansiosos com a situação. No entanto, os pais tendem a associar mais diretamente o uso das redes sociais (44%) e da tecnologia em geral (14%) aos problemas de saúde mental dos filhos do que os próprios adolescentes — que atribuíram essas causas a apenas 22% e 8%, respectivamente.

“Tecnologia está fazendo com que eles tenham mais medo de tentar coisas novas, os torna menos criativos e menos propensos a descobrir como resolver seus próprios problemas, seja em relacionamentos ou questões práticas”, comentou uma mãe entrevistada no estudo.

Com tantas vozes se somando ao debate, fica claro que o diálogo entre gerações, aliado a políticas públicas e responsabilidade das empresas, será fundamental para equilibrar os benefícios e riscos do mundo digital para os jovens.

Com informações de CNN*

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