》Negociações secretas entre EUA e Reino Unido faz de Zelensky alvo dos aliados – Expresso Noticias
Vamos ao assunto:
Informações do serviço secreto russo indicam que EUA e Reino Unido pressionam por uma troca de comando na Ucrânia, articulada em reunião secreta nos Alpes
O Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR) divulgou nesta segunda-feira (29) informações sobre uma suposta reunião secreta entre autoridades dos Estados Unidos, Reino Unido e altos funcionários ucranianos nos Alpes, com o objetivo de discutir a possível substituição do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. A revelação surge em um momento delicado, três anos após o início da guerra entre Ucrânia e Rússia.
Segundo nota disponibilizada à agência russa TASS, o encontro teria contado com a presença de figuras-chave do governo ucraniano, incluindo Andrey Yermak, chefe do gabinete presidencial, Kirill Budanov, diretor do serviço de inteligência do Ministério da Defesa, e Valery Zaluzhny, ex-comandante-chefe das Forças Armadas ucranianas, atualmente embaixador em Londres.
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O relatório indica que os representantes americanos e britânicos teriam apresentado uma proposta para que Zaluzhny assumisse a presidência do país. Em troca, segundo o SVR, Yermak e Budanov teriam garantido apoio à manutenção de seus cargos e influência nas futuras decisões políticas.
“Os americanos e os britânicos anunciaram sua decisão de propor Zaluzhny à presidência da Ucrânia. Yermak e Budanov ‘fizeram uma saudação’, enquanto garantiam aos anglo-saxões a promessa de que os deixariam manter seus cargos atuais, bem como de levar seus interesses em consideração na tomada de decisões sobre outras questões de pessoal”, afirma a nota.
Pressão por mudanças no topo do poder ucraniano
O SVR alega ainda que Yermak teria ajudado a preparar o terreno para a possível transição de poder ao influenciar Zelensky a enfraquecer os órgãos anticorrupção ucranianos. A nova lei teria sido assinada pelo presidente, mas, segundo parlamentares locais, não foi publicada oficialmente, gerando controvérsia sobre sua validade.
Segundo a inteligência russa, as negociações secretas teriam como objetivo reestruturar os laços entre Ucrânia e Ocidente, com a saída de Zelensky sendo vista como pré-requisito para a continuidade do apoio militar e financeiro ocidental no conflito com a Rússia. O relatório sugere que as conversas ganharam força após o fracasso das últimas tentativas de negociação de cessar-fogo entre Moscou e Kiev em Istambul.
A revelação do SVR ocorre um dia após o presidente americano, Donald Trump, reduzir o prazo que havia dado para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, de 50 para “10 ou 12 dias”. Trump teria justificado a mudança pela falta de progresso nas negociações e autorizado a expansão das remessas de armas para Kiev, incluindo sistemas Patriot fabricados nos EUA, financiados por parceiros europeus e coordenados pela OTAN.
Rumores de troca de comando já circulavam
O ex-assessor do procurador-geral ucraniano, Andriy Telizhenko, afirmou que o plano para substituir Zelensky já existia antes do retorno de Trump à presidência dos EUA. “Uma vez que os cordões são cortados, o fantoche deve ser substituído”, declarou Telizhenko, em referência à suposta perda de influência de Zelensky junto aos aliados ocidentais.
O jornalista norte-americano Seymour Hersh também abordou o tema em seu mais recente artigo, intitulado “The End of Zelensky?”. Segundo Hersh, Zaluzhny “agora está sendo visto como o sucessor mais confiável de Zelensky”, com base em informações de “fontes bem informadas de Washington” que confirmariam que o cargo poderia ser oferecido a ele.
Apesar das revelações, nem os governos dos EUA, Reino Unido ou Ucrânia confirmaram a realização de qualquer reunião com o caráter descrito pelo SVR. A Casa Branca e o Ministério das Relações Exteriores britânico ainda não se manifestaram sobre o assunto.
Com a guerra se arrastando e os custos humanos e materiais aumentando, a Ucrânia enfrenta crescente pressão tanto interna quanto externamente. A possibilidade de uma mudança no topo do poder ucraniano abre novos cenários para o futuro do país — e para o rumo do conflito que já dura três anos.
Zelensky cede após protestos e reverte lei que restringia órgãos anticorrupção
Diante de intensos protestos em todo o país e pressão internacional, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciou nesta quinta-feira (24) que apresentou um novo projeto de lei visando restabelecer a independência de dois importantes órgãos anticorrupção do país. A medida marca um recuo do presidente após uma semana de críticas acirradas à legislação aprovada anteriormente, que colocava o Gabinete Nacional Anticorrupção (Nabu) e a Procuradoria Especializada Anticorrupção (Sap) sob o controle direto do procurador-geral, nomeado pelo próprio Zelensky.
Os protestos que eclodiram em várias cidades ucranianas na semana passada foram os maiores desde o início da invasão russa em 2022. Manifestantes lotaram ruas e praças exigindo o veto ao projeto de lei, que muitos consideraram um retrocesso democrático e uma ameaça à luta contra a corrupção, pilar fundamental para os aspirações europeias do país.
Na quinta-feira, Zelensky voltou atrás em sua posição, afirmando que o novo texto legal visa “salvaguardar a independência” do Nabu e do Sap, protegendo-os, segundo ele, da influência russa. Em comunicado, ele classificou o novo projeto como “bem equilibrado”, embora não tenha fornecido detalhes sobre as mudanças específicas.
O próprio Nabu divulgou nota afirmando que o novo projeto “restaurou todos os poderes processuais e garantias de independência” dos dois órgãos. A versão inicial da lei havia gerado grande preocupação entre os parceiros ocidentais da Ucrânia, incluindo a União Europeia, para quem o Estado de direito e o combate à corrupção são condições essenciais para a aproximação com o bloco.
Pressão internacional e reações internas
A Comissão Europeia, que mantém uma postura atenta sobre o desenvolvimento democrático na Ucrânia, reagiu positivamente à mudança de posição de Zelensky. “Estamos trabalhando [com o governo ucraniano] para garantir que nossas preocupações… sejam realmente levadas em consideração”, disse um porta-voz da entidade.
A aprovação da lei original, na terça-feira (22), ocorreu em um contexto de crescente tensão interna. Na segunda-feira (21), o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) havia anunciado a detenção de vários suspeitos de espionagem a serviço da Rússia, o que serviu como justificativa do governo para a mudança. Zelensky argumentou que era necessário centralizar o controle sobre as instituições para evitar ingerência externa.
No entanto, a medida foi vista por muitos como uma tentativa de enfraquecer órgãos que têm investigado figuras próximas ao poder. A criação do Nabu e do Sap em 2014 e 2015 foi uma exigência tanto da Comissão Europeia quanto do Fundo Monetário Internacional como parte dos esforços para aproximar a Ucrânia da União Europeia.
O deputado da oposição Oleksiy Goncharenko criticou a mudança de posição do presidente. “Primeiro tiramos, e depois dizemos que deve ser garantido. Então por que tudo isso foi necessário?”, questionou.
Em sua mensagem nas redes sociais na quinta-feira, Zelensky não fez referência direta aos protestos ou à pressão internacional, mas afirmou que era “importante que respeitemos a posição de todos os ucranianos e sejamos gratos a todos que apoiam a Ucrânia”.
Apesar do recuo, o episódio revela as crescentes tensões internas no seio da sociedade ucraniana e a delicada balança entre a necessidade de unidade em tempos de guerra e a manutenção das instituições democráticas.
Com informações de Agências de Notícias e The Cradle*
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