》Polícia invade sede do partido de Le Pen em Paris e apreende documentos de campanhas – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

A sede do partido Rally Nacional (RN), em Paris, foi alvo de uma operação de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira (9), conduzida por agentes da brigada financeira e por dois juízes.

A ação integra uma investigação judicial em curso que apura suspeitas de financiamento ilegal envolvendo as campanhas eleitorais do partido em 2022 e 2024. A informação foi divulgada por Jordan Bardella, presidente do partido, por meio da rede social X. O caso está sob a responsabilidade do Ministério Público de Paris e foi confirmado pela agência AFP.

A operação ocorreu por volta das 8h30 no horário local e resultou na apreensão de documentos, registros contábeis e materiais eletrônicos. De acordo com Bardella, “todos os e-mails, documentos e registros contábeis foram confiscados”.

O presidente do RN informou ainda que os gabinetes de dirigentes do partido também foram vasculhados, com apreensões relacionadas às campanhas regionais, presidenciais, legislativas e europeias dos últimos anos.

A investigação foi aberta em julho de 2024 pelo Ministério Público de Paris para apurar possíveis irregularidades no financiamento das campanhas presidenciais e legislativas de 2022, além da participação do partido nas eleições europeias de 2024. O inquérito tem como foco principal o uso de recursos e a origem do financiamento utilizado nas campanhas, em um contexto de intensificação da fiscalização sobre partidos políticos na França.

O partido já vinha enfrentando dificuldades jurídicas nos últimos meses. Em março deste ano, o RN foi condenado por desvio de recursos públicos oriundos da União Europeia. Como consequência, Marine Le Pen, principal liderança da legenda, foi declarada inelegível por um período de cinco anos. A decisão foi contestada por Le Pen, que apresentou recurso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) na terça-feira (8), solicitando a suspensão da sanção imposta pela Justiça francesa.

A atuação judicial sobre o RN acontece em um momento de alta visibilidade para o partido. Pesquisas eleitorais recentes apontam a legenda como favorita no primeiro turno das eleições presidenciais previstas na França. Em reação à operação, Jordan Bardella classificou a medida como uma tentativa de limitar a participação política do partido. “Este é um grave atentado ao pluralismo e à alternância democrática”, declarou.

O Ministério Público de Paris não detalhou quais elementos específicos motivaram o mandado de busca e apreensão, mas confirmou que a ação faz parte do processo investigativo iniciado em julho. A brigada financeira, responsável pela execução da operação, atuou com base em ordem judicial expedida por dois magistrados.

A operação ocorre em um cenário de aumento da tensão política no país, com denúncias cruzadas entre partidos e disputas judiciais envolvendo candidatos e lideranças em ascensão. O RN tem ampliado sua presença política nas regiões do interior da França e conquistado eleitores nas faixas mais jovens e nas áreas de menor urbanização.

O histórico de conflitos com a Justiça não é novo para o partido. Em outras ocasiões, o RN e seus dirigentes foram acusados de uso indevido de recursos públicos e de práticas contábeis irregulares. A condenação mais recente, envolvendo recursos da União Europeia, aumentou a pressão sobre a cúpula da legenda às vésperas do novo ciclo eleitoral.

Marine Le Pen, que segue como figura central do partido, mesmo após a condenação, tem buscado apoio jurídico e político para reverter sua inabilitação. O recurso protocolado junto ao TEDH será avaliado nos próximos meses, mas a decisão sobre sua elegibilidade pode impactar diretamente a composição das chapas eleitorais do partido para 2027.

O inquérito sobre o financiamento das campanhas eleitorais segue em curso, e novas diligências não estão descartadas pelo Ministério Público. A expectativa é de que o material apreendido nesta quarta-feira seja analisado nas próximas semanas e sirva como base para a formulação de eventuais denúncias formais.

A Justiça francesa também monitora possíveis conexões internacionais envolvendo os recursos utilizados nas campanhas do RN. Há indícios de que parte do financiamento pode ter origem externa, o que configuraria violação às normas de financiamento político vigentes no país. O Ministério Público, porém, não divulgou detalhes sobre essa linha de investigação.

A operação reforça o foco das autoridades francesas no controle do financiamento eleitoral e no combate a práticas que comprometam a integridade do processo democrático. No caso do RN, os desdobramentos da investigação podem interferir diretamente no seu desempenho político e na composição de suas lideranças para as próximas disputas.

Enquanto aguarda os desdobramentos legais, o partido mantém sua agenda de mobilização nacional, com foco na campanha presidencial e no fortalecimento de suas bases regionais. Jordan Bardella, que assumiu o protagonismo da legenda após o afastamento de Le Pen, tem buscado manter a articulação interna e sustentar o discurso de que o partido é alvo de perseguição institucional. A investigação, no entanto, segue sob sigilo parcial, e novas fases podem ser executadas a qualquer momento.

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