》Presidente da Áustria cancela ida à COP30 devido aos custos – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

Alexander Van der Bellen ressaltou importância de Belém como sede da Conferência, mas disse que “custos logísticos” e “orçamento restrito” inviabilizam viagem. Cidade tem sido palco de explosão de preços de hospedagem.

O presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, anunciou que cancelou sua ida à COP30, que acontecerá em Belém, devido aos altos custos logísticos para participar do evento.

A organização do evento vem sendo pressionada por delegações estrangeiras para solucionar os “preços exorbitantes” cobrados para se hospedar na capital paraense durante a conferência climática da ONU, marcada para novembro.

Segundo comunicado de seu gabinete, o orçamento federal “exige cortes e disciplina orçamentária de todos os órgãos públicos” e seria incompatível com os valores necessários para enviar uma delegação de negociadores ao encontro.

“Os custos particularmente elevados por motivos logísticos para a participação do presidente federal na COP deste ano, além da delegação austríaca de negociadores, não estão contemplados no orçamento restrito da presidência”, disse o comunicado divulgado pela emissora pública austríaca ORF.

O gabinete austríaco, porém, endossou a defesa do governo brasileiro de que a capital paraense tem “grande valor simbólico”. “Pela primeira vez, a Conferência Mundial sobre o Clima acontecerá na região da floresta tropical, cuja destruição é um fator importante na crise ambiental e climática global”, disse.

A maior organização de proteção ambiental da Áustria, a Global 2000, também decidiu não participar do encontro.

Apesar da ausência de Van der Bellen, o país europeu será representado pelo ministro do Clima e Proteção Ambiental da Áustria, Norbert Totschnig. “É mais importante do que nunca dar um sinal claro de cooperação internacional na proteção climática”, disse a pasta ao programa da ORF, ZiB2.

Veículos austríacos também destacam que uma rodovia de quatro faixas que corta a floresta está sendo construída para melhorar o fluxo de veículos durante o evento. O governo do Pará afirma que o projeto é sustentável e já havia sido licitado antes da definição de Belém como sede da Conferência.

Obra no Parque da Cidade, em Belém, onde acontecerão as reuniões da COP30. Países pressionam por mudança de sede | Carlos Fabal/AFP

Brasil é pressionado a encontrar soluções

A escassez de alojamento em Belém, que nunca havia sediado um evento dessa magnitude, tem sido motivo de preocupação desde que a escolha da cidade como sede da COP30, há um ano e meio.

A expectativa é que a cidade receba cerca de 50 mil participantes de quase 200 países, mas o plano inicial dos organizadores previa um teto de 36 mil camas.

A escassez, somada à falta de controle de preços, tem levado alguns hotéis e particulares que listaram suas residências em sites de hospedagem a cobrar preços que superam R$ 30 mil e até R$ 297 mil ao longo das onze noites do evento.

O Brasil passou a ser pressionado a revisar sua estratégia de acomodação para as delegações que pretendem visitar a capital paraense, sob o risco de o evento acabar esvaziado. Diversos países reclamam dos preços cobrados por hotéis e hospedagens.

Em julho, um grupo de países africanos solicitou aos organizadores uma mudança de sede que permita hospedagem a todos os negociadores. O governo brasileiro chegou a anunciar que 98 países em desenvolvimento terão acesso prioritário a 3,9 mil quartos disponibilizados em dois cruzeiros durante a Conferência, além da abertura de alojamentos em escolas e prédios públicos, o que não foi suficiente para suprir a demanda.

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, reconheceu que existe um “sentimento de revolta” por parte das nações em desenvolvimento devido aos altos custos, que ameaçam inviabilizar a diversidade no evento.

Publicado originalmente pelo DW em 06/08/2025

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