》Saiba porque o Estreito de Ormuz é tão estratégico e como bloqueio pelo Irã pode impactar o mundo – Expresso Noticias
Vamos ao assunto:
O parlamento iraniano aprovou nesta semana uma proposta para fechar o Estreito de Ormuz, em resposta aos ataques militares dos Estados Unidos a instalações nucleares do país.
A decisão final depende do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã e do Líder Supremo, aiatolá Ali Khamenei, mas a medida elevou o temor de desabastecimento de petróleo e gás.
O Estreito de Ormuz é uma passagem de 33 quilômetros entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã que responde por cerca de 20% das exportações globais de petróleo e gás, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA. Em 2024, estima-se que 84% do petróleo bruto e condensado e 83% do gás natural liquefeito que trafegaram pela via tenham como destino mercados asiáticos.
China, Índia, Japão e Coreia do Sul concentraram 69% do fluxo de petróleo bruto e condensado pelo estreito. A China, maior importadora de petróleo, adquire mais de 70% de seus suprimentos do exterior, com metade vindo do Oriente Médio.
Embora nunca tenha sido totalmente bloqueado, o Estreito de Ormuz já sofreu interrupções. Durante a guerra Irã-Iraque, petroleiros foram alvo de ataques. Em 2007, marinhas iraniana e americana tiveram confrontos na região. Em 2023, o petroleiro Advantage Sweet, fretado pela Chevron, foi apreendido por forças iranianas.
Analistas do Goldman Sachs afirmaram em nota de pesquisa que “embora os eventos no Oriente Médio permaneçam fluidos, acreditamos que os incentivos econômicos, inclusive para os EUA e a China, para tentar evitar uma perturbação sustentada e muito grande do Estreito de Ormuz, seriam fortes”.
Segundo o documento, uma paralisação prolongada poderia elevar o preço do petróleo acima de US$ 110 por barril e do gás europeu para mais de € 100 por megawatt-hora.
O chefe de pesquisa de câmbio do Deutsche Bank, George Saravelos, disse em relatório de 14 de junho que “o pior cenário — interrupção total do fornecimento de petróleo iraniano e fechamento do Estreito — poderia levar os preços do petróleo a subirem para mais de US$ 120 por barril”.
Ele acrescentou que “embora as instalações petrolíferas também não tenham sido alvos de rodadas anteriores de hostilidades, o mercado não pode ignorar a possibilidade de que um ciclo de escalada cause interrupções”.
Nigel Green, CEO do grupo de consultoria deVere, declarou que “agora alertam que o petróleo bruto pode subir para US$ 130 por barril”, dependendo das próximas ações de Teerã.
Ele também afirmou: “Tal choque de preços se refletiria na inflação global, que permanece elevada e/ou estável em muitas regiões. Os participantes do mercado vinham precificando cortes de juros pelos bancos centrais, incluindo o Federal Reserve, no segundo semestre. Isso agora está em questão.”
O movimento do parlamento iraniano ocorre em meio à escalada de tensão entre Teerã, Washington e Tel Aviv. Os Estados Unidos defenderam os ataques como parte de um esforço para impedir o avanço do programa nuclear iraniano, enquanto Israel intensificou operações que atingiram supostos depósitos de mísseis e instalações de radar no oeste do país.
Teerã nega qualquer desvio de fins civis em seu programa nuclear e lembra que mantém supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e obedece ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). Já Israel, que não ratificou o TNP, não divulga oficialmente informações sobre seu arsenal atômico.
O possível bloqueio do Estreito de Ormuz projeta efeitos imediatos no comércio de energia. Empresas de transporte marítimo avaliarão rotas alternativas, mas essas trajetórias aumentam custos e levam mais tempo. Governos de países importadores afirmam que buscam canais diplomáticos para evitar qualquer interrupção.
No âmbito político, a proposta aprovada pelo parlamento faz parte de uma estratégia de retaliação a ataques percebidos como violações de soberania. A decisão será submetida a votação no Conselho Supremo de Segurança Nacional, presidido por Khamenei. Caso confirme a medida, o Irã terá base legal interna para negar passagem a navios que não atendam a requisitos definidos por suas Forças Armadas.
Especialistas em energia recomendam que Estados consumidores busquem estoques de reserva e acelerem acordos com produtores extra-regionais para mitigar risco de desabastecimento. Além disso, destacam a necessidade de diálogo em fóruns multilaterais para reduzir a chance de escalada.
Até o fechamento desta reportagem, o Conselho Supremo de Segurança Nacional não havia divulgado posição oficial. A incerteza levou agentes de mercado a elevar prêmios de risco nos contratos futuros de petróleo.
O desdobramento dos próximos dias determinará se o Estreito de Ormuz sofrerá restrição efetiva de tráfego. Países afetados, empresas de energia e organizações financeiras acompanham as decisões em Teerã com atenção, cientes de que qualquer bloqueio terá impacto direto no preço dos combustíveis e na política monetária global.
Com informações da SCMP
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