》Vaquinha de R$500 mil para alpinista que resgatou Juliana Marins é cancelada após polêmica – ExpressoNoticias
Vamos ao assunto:
A vaquinha em prol do alpinista Agam Rinjani, que atuou voluntariamente no resgate da brasileira Juliana Marins, foi cancelada neste domingo (29). De acordo com a nota divulgada pela organização, a decisão foi tomada após uma onda de críticas de seguidores e doadores em relação à taxa de 20% cobrada sobre o valor arrecadado.
Até as 19h deste domingo, a campanha, hospedada na plataforma de financiamento coletivo Voaa, do site Razões para Acreditar, já havia arrecadado mais de R$ 522 mil. O montante seria destinado a Agam, que arriscou a própria vida ao participar do resgate de Juliana, que morreu após cair em uma fenda no Monte Rinjani.
Nascido em Makassar, na Indonésia, Agam organizou uma equipe de resgate e compartilhou vídeos e atualizações ao longo da operação. Ele percorreu a trilha à noite, com uma lanterna presa ao capacete, até alcançar a região do acidente.
Durante a missão, o alpinista passou uma madrugada ao lado da vítima. Em meio à chuva e queda de pedras, ele segurou o corpo de Juliana em uma encosta íngreme de 500 metros, tentando evitar que ela escorregasse ainda mais profundamente no vulcão. O gesto comoveu brasileiros, que responderam com uma onda de doações.
“Não consegui dormir até agora. É muito triste. Não conseguimos salvá-la. Tinha muita gente ajudando. Ficamos com ela a noite toda na beira de um penhasco. Segurei Juliana para que ela não descesse mais 300 metros. É muito triste”, disse ele em entrevista à imprensa local.
Apesar da comoção, a iniciativa foi alvo de críticas quando veio à tona que a empresa responsável pela vaquinha ficaria com 20% do valor arrecadado, cerca de R$ 104 mil.
Em nota oficial, a Voaa informou que a campanha foi cancelada, com a devolução total e automática das doações. Os estornos devem começar a ser processados a partir desta segunda-feira (30).
A empresa explicou o motivo: “Tomamos essa decisão após muitos questionamentos relacionados à nossa taxa administrativa de 20%, que, apesar de comunicada em nosso site desde o início, gerou desconforto em algumas pessoas. (…) Ainda que seja uma decisão difícil, entendemos que o caminho mais transparente neste momento é cancelar a campanha e devolver integralmente as doações em respeito ao Agam e a cada doador”.

Leia a nota na íntegra:
“A Voaa nasceu da vontade genuína de transformar histórias reais e necessidades urgentes em solidariedade prática. Ao longo desses anos, nossa missão sempre foi marcada pela transparência absoluta, responsabilidade social e respeito profundo aos nossos beneficiários e doadores.
Sobre a vaquinha destinada ao Agam (o guia que resgatou o corpo da brasileira Juliana Marins no Monte Rinjani), esclarecemos que:
Decidimos pelo cancelamento imediato da campanha, com a devolução integral e automática das doações realizadas até aqui.
Nos últimos dias, a Voaa, o Razões para Acreditar e outras pessoas envolvidas com a história tornaram-se alvo de ataques, ameaças, informações falsas e mensagens de ódio. Reconhecemos com humildade que, neste momento, a discussão em torno da “Vaquinha do Agam” desviou a atenção da essência da campanha e, principalmente, da história que desejávamos apoiar.
Ainda que seja uma decisão difícil, entendemos que o caminho mais transparente neste momento é cancelar a campanha e devolver integralmente as doações em respeito ao Agam e a cada doador.
Tomamos essa decisão após muitos questionamentos relacionados à nossa taxa administrativa de 20%, que, apesar de comunicada em nosso site desde o início, gerou desconforto em algumas pessoas. Reconhecemos que a comunicação nesta história poderia ter sido mais clara.
A taxa de 20% praticada pela Voaa é resultado de um modelo de operação único, que vai muito além de simplesmente disponibilizar uma plataforma para arrecadação.
Diferente de outras soluções do mercado, assumimos integralmente a curadoria, verificação, produção de conteúdo, comunicação estratégica, gestão jurídica e financeira, além do acompanhamento completo até o desfecho de cada campanha.
Essa estrutura é mantida por uma equipe especializada e dedicada, e envolve inúmeros custos fixos. Não se trata apenas de intermediar doações, mas de oferecer um serviço completo, seguro e transparente — que garante que cada história seja verdadeira, bem contada e que o valor arrecadado chegue com responsabilidade a quem realmente precisa.
Informamos que a devolução dos valores será feita diretamente pelos meios de pagamento originais nesta segunda-feira dia 30 de junho, automaticamente, sem necessidade de ações adicionais por parte dos doadores e respeitando os prazos de cada meio”.
A decisão da Voaa não agradou a web. Internautas lançaram um abaixo-assinado pedindo que, especificamente neste caso, fosse descontada apenas a taxa bancária, e que o restante do valor fosse integralmente repassado ao alpinista.
O documento, que já somava cerca de mil assinaturas até as 13h30 deste domingo (29), também questiona os custos operacionais da empresa. “É descabido que a equipe precise de mais de 90 mil reais para seu salário”, dizia um trecho.
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