》Waller vira aposta de Trump no Banco Central dos EUA – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

Trump quer um presidente do Fed que aja com ‘rapidez e coragem’; Waller encarna esse perfil e cresce na disputa pelo cargo mais poderoso da economia americana


Enquanto o relógio corre para a sucessão no comando do Federal Reserve, um nome começa a se destacar nos bastidores do governo Trump: Christopher Waller, governador do banco central desde 2017, está emergindo como um dos principais cotados para assumir a presidência do Fed quando o mandato de Jerome Powell chegar ao fim, em maio de 2026. A informação foi confirmada por fontes próximas às discussões internas da equipe presidencial, que têm avaliado com atenção os perfis mais alinhados com a visão econômica da Casa Branca.

Waller, um economista com doutorado e longa trajetória acadêmica antes de ingressar no Fed, tem chamado a atenção de assessores diretos de Donald Trump por seu estilo de pensamento ousado e sua disposição para romper com o consenso tradicional. O que mais impressiona o círculo próximo ao presidente é sua inclinação por políticas baseadas em previsões futuras, em vez de aguardar dados concretos do presente — uma abordagem considerada mais proativa e alinhada com a urgência que Trump exige para impulsionar o crescimento econômico.

Leia também:
Apple veste a bandeira de Trump para escapar das tarifas
Exclusivo! Romário não assinará impeachment de Moraes
Sonho de uma Índia forte tropeça na ‘América em 1º lugar’ de Trump

Além disso, Waller é visto como um especialista profundo no funcionamento interno do Fed, com conhecimento técnico sólido e uma capacidade rara de navegar entre os bastidores da instituição. Ele já se reuniu com membros da equipe econômica de Trump para discutir o papel de liderança no banco central, embora ainda não tenha tido um encontro direto com o próprio presidente, segundo pessoas que acompanham as conversas, todas falando sob condição de anonimato por se tratar de deliberações confidenciais.

Apesar de Waller estar em ascensão, a disputa ainda está longe de ser decidida. Outros nomes seguem na disputa, entre eles Kevin Warsh, ex-funcionário do Fed com histórico de proximidade com Trump, e Kevin Hassett, atual diretor do Conselho Econômico Nacional e uma figura constante nos principais debates de política econômica do governo. Hassett já se encontrou pessoalmente com Trump para tratar do cargo, e segundo a Bloomberg News, deixou uma impressão positiva tanto no presidente quanto em seus assessores.

Warsh, por sua vez, tem histórico no banco central e já foi considerado para o cargo em 2017 — época em que acabou preterido por Jerome Powell. Em novembro passado, também esteve na lista de possíveis candidatos a secretário do Tesouro, mostrando que continua sendo uma figura de peso nas decisões econômicas do governo.

A Casa Branca, por meio do porta-voz Kush Desai, manteve o protocolo de neutralidade: “O presidente Trump continuará a indicar os indivíduos mais competentes e experientes”, afirmou em comunicado. “A menos que venha do próprio presidente Trump, no entanto, qualquer discussão sobre decisões de pessoal deve ser considerada pura especulação.”

O Federal Reserve, por sua vez, optou por não se manifestar sobre o assunto, mantendo a tradição de neutralidade institucional em meio a especulações políticas.

Trump, no entanto, já deu sinais claros de que está avançando na escolha. Na quarta-feira, afirmou que a lista de candidatos foi reduzida a três nomes. O comitê responsável pela busca inclui figuras de peso do seu governo: o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o vice-presidente JD Vance e o secretário do Comércio, Howard Lutnick — todos envolvidos diretamente na análise dos perfis.

Mas o que realmente impulsionou o nome de Waller nos últimos dias foi sua postura firme em uma das decisões mais polêmicas do Fed recentemente. Na semana passada, ele foi um dos dois únicos membros do conselho a votar contra a manutenção da taxa básica de juros — a quinta vez consecutiva que o banco central optou por não alterar os juros. Waller, junto com a colega Michelle Bowman, defendeu um corte de 25 pontos-base, argumentando que havia sinais crescentes de enfraquecimento no mercado de trabalho.

Poucos dias depois da decisão do Fed, um novo relatório de empregos trouxe dados alarmantes: o crescimento de vagas havia desacelerado significativamente nos três meses anteriores. A previsão de Waller e Bowman se confirmou, dando peso à sua posição e colocando em xeque a cautela do presidente Powell e de outros formuladores de política, que insistem em descrever o mercado como “amplamente sólido”.

Esse descompasso entre Waller e o núcleo atual do Fed é exatamente o tipo de divergência que agrada ao presidente. Trump tem sido crítico constante de Powell, acusando-o de agir com excessiva prudência e de não cortar os juros mais cedo, o que, na visão do presidente, poderia ter estimulado ainda mais a economia. Para Trump, um banco central mais ágil, disposto a antecipar tendências e reagir rapidamente, é essencial — e Waller parece encarnar esse perfil.

As opiniões de Waller também refletem uma preocupação prática com os impactos das políticas comerciais do governo. Enquanto Powell e parte do conselho defendem uma abordagem “paciente”, aguardando para ver como as tarifas impostas por Trump afetarão a inflação e o crescimento, Waller parece mais disposto a agir antes que os efeitos se tornem irreversíveis.

O economista já havia chamado a atenção dos assessores de Trump no ano passado, durante os discursos de campanha, quando o presidente intensificou suas críticas ao Fed e defendeu uma política monetária mais favorável ao crescimento. Waller, mesmo dentro do banco central, passou a ser visto como uma voz alinhada com essa visão — alguém que entende a pressão por resultados imediatos, sem abrir mão do rigor técnico.

Agora, com o cargo em aberto no horizonte, a pergunta que circula nos corredores de Washington é: será que Trump finalmente encontrou o presidente do Fed que sempre quis? Alguém que combine competência, independência tática e, acima de tudo, sintonia com a agenda econômica da Casa Branca?

Waller ainda não foi anunciado. O presidente ainda não falou. Mas nos bastidores, seu nome ganha força a cada decisão, a cada voto divergente, a cada previsão que se torna realidade. E em um jogo onde o futuro da economia americana está em jogo, ser ouvido — e estar certo na hora certa — pode ser o suficiente para sentar na cadeira mais poderosa do mundo financeiro.

A trajetória de Christopher Waller dentro do sistema do Federal Reserve é, por si só, um retrato de consistência, coragem intelectual e capacidade de sustentar posições impopulares — mesmo quando elas vão contra o consenso da época. Indicado por Donald Trump para o conselho do Fed em 2020, Waller já trazia consigo uma reputação sólida construída ao longo de anos como diretor de pesquisa e vice-presidente executivo do Federal Reserve Bank de St. Louis, um dos braços regionais mais influentes do banco central norte-americano.

Sua indicação ao cargo de governador, no entanto, não foi fácil. Em uma votação no Senado que refletiu o clima político polarizado do momento, Waller foi confirmado por um apertado 48 votos a 47 — um sinal de que, desde o início, seu nome dividiu opiniões. Mesmo assim, ele assumiu com postura firme, tornando-se rapidamente uma voz respeitada dentro do conselho, conhecido por análises rigorosas e por não temer divergir quando acreditava estar certo.

Um dos momentos mais marcantes de sua trajetória ocorreu em 2022, no auge da discussão sobre como conter a inflação pós-pandemia sem desencadear uma recessão. Em um debate público com economistas de peso, como o ex-secretário do Tesouro Larry Summers, Waller defendeu uma tese considerada ousada na época: o Fed poderia reduzir a inflação com sucesso sem provocar um aumento significativo do desemprego.

Naquele momento, muitos especialistas previam que o aperto monetário necessário para domar a inflação inevitavelmente levaria a uma onda de demissões e um forte impacto no mercado de trabalho. Waller, no entanto, apostou em um caminho mais equilibrado — e, com o tempo, os fatos lhe deram razão. A inflação caiu para abaixo de 3%, enquanto o desemprego permaneceu estável, nunca ultrapassando 4,2%. Sua previsão, então vista com ceticismo por alguns, transformou-se em um dos maiores acertos da política econômica recente.

Esse histórico de acertos técnicos e coragem analítica é exatamente o que pesa a seu favor nos bastidores da Casa Branca. Mas, ao mesmo tempo, sua indicação levanta uma questão sensível: até que ponto o próximo presidente do Fed manterá a independência tradicional do banco central diante das pressões políticas do Palácio?

Trump tem sido abertamente crítico de Jerome Powell, chegando a chamá-lo de “inimigo” por não cortar os juros mais rapidamente, mesmo com a economia crescendo. Essa insatisfação gerou preocupações entre economistas e investidores de que o presidente poderia escolher alguém mais alinhado com seus interesses políticos, colocando em risco a autonomia do Fed — um pilar fundamental para a credibilidade da política monetária.

Waller, no entanto, tenta equilibrar essa corda bamba com cuidado. Em diversas ocasiões, afirmou que a independência do Federal Reserve é crucial para a saúde da economia americana. “O banco central precisa tomar decisões baseadas em dados, não em ciclos eleitorais”, disse em entrevista anterior. Ao mesmo tempo, não hesita em reconhecer o papel político: “O presidente tem todo o direito de falar sobre o Fed. Ele pode dizer o que quiser. Mas isso não muda o que nós, como formuladores de política, precisamos fazer.”

Essa postura — de respeito à instituição, mas abertura ao diálogo com o poder executivo — pode ser exatamente o equilíbrio que Trump busca: um líder do Fed que ouça a Casa Branca, mas que ainda assim tenha credibilidade no mercado.

Apesar de todos os rumores e especulações, Waller mantém uma postura pública de neutralidade. Em uma entrevista recente à Bloomberg Television, ele foi direto: “No mês passado, eu ainda não tinha ouvido diretamente do presidente sobre o cargo de presidente do Fed.” E completou, com um tom entre o respeito e a disponibilidade: “Se o presidente me contatasse e dissesse: ‘Quero que você sirva’, eu o faria. Mas ele não entrou em contato comigo.”

Enquanto o futuro do comando do Fed ainda está em aberto, Trump já prepara o terreno para moldar o banco central antes mesmo da data oficial da sucessão. Na quarta-feira, anunciou que terá a oportunidade de indicar um novo nome mais cedo do que o esperado, graças à saída antecipada de Adriana Kugler do conselho. A ideia é preencher a vaga com uma escolha de curto prazo — provavelmente alguém alinhado com sua visão — e, posteriormente, indicar um candidato para o mandato completo de 14 anos, que se renova no início de 2026.

Essa manobra estratégica mostra que o presidente não está esperando. Ele quer, desde já, colocar sua marca no Fed — e Waller parece ser uma peça central nesse tabuleiro.

Afinal, escolher o presidente do Federal Reserve não é apenas uma decisão econômica. É um ato político, simbólico e de longo alcance. Pode definir a trajetória da economia americana pelos próximos anos, influenciar a confiança dos mercados globais e até impactar o resultado de futuras eleições.

Se Waller for escolhido, será por ser visto como alguém que entende tanto os números quanto o momento político — um técnico com coragem para discordar, um realista que prevê o futuro, e um homem que, mesmo diante da maior cadeira da política monetária, sabe ouvir antes de agir.

E enquanto Washington espera o próximo movimento de Trump, uma coisa parece clara: o nome de Christopher Waller já não é apenas uma possibilidade. É, cada vez mais, uma expectativa.

Com informações de Bloomberg e Agências de Notícias*

www.expressonoticias.website