domingo, abril 20, 2025
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》Mídia dos EUA alerta que EUA estão se tornando uma ditadura sob o governo Trump – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

Uma análise publicada nesta segunda-feira, 14, pelo Financial Times aponta que os Estados Unidos atravessaram um momento de ruptura institucional com a decisão do presidente Donald Trump de descumprir uma ordem unânime da Suprema Corte.

A Corte havia determinado, por nove votos a zero, a repatriação de Kilmar Armando Abrego García, deportado ilegalmente pelo governo, mas Trump ignorou a decisão e apresentou publicamente uma versão divergente do veredito.

O caso foi divulgado em coletiva no Salão Oval, com a presença do procurador-geral dos Estados Unidos, do secretário de Estado e do presidente de El Salvador, Nayib Bukele.

Ao lado das autoridades norte-americanas, Bukele declarou: “Não considero a possibilidade de devolver García”. Nenhuma prova foi apresentada sobre supostos vínculos do deportado com terrorismo, e a declaração foi acolhida sem objeções pela equipe de Trump.

De acordo com o Financial Times, o episódio reflete uma mudança de postura do Executivo federal, que tem buscado consolidar o entendimento de que decisões judiciais não se sobrepõem a determinações presidenciais em temas migratórios.

A publicação ressalta que, com essa prática, o governo estabelece a possibilidade de prisões e deportações sem garantias legais ou direito a apelação, inclusive para cidadãos americanos.

Ainda segundo o jornal britânico, o gesto de Trump faz parte de um processo mais amplo de enfraquecimento dos mecanismos de controle entre os poderes.

O episódio marca a ampliação de uma doutrina em que a autoridade do Executivo passa a ser vista como imune à revisão judicial em determinadas áreas. Para o Financial Times, o caso “também representa um alinhamento simbólico com regimes de perfil centralizador”.

A presença de Bukele durante o anúncio gerou reações pelo simbolismo do gesto. A publicação lembra que, em ocasião anterior, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky foi criticado por não usar gravata em visita oficial aos Estados Unidos, enquanto Bukele, vestido informalmente, compartilhou a declaração no Salão Oval sem receber reprimendas. Segundo o Financial Times, a situação revela a afinidade de Trump com governos que mantêm estruturas centralizadas e endurecem políticas de segurança interna.

A análise também aborda aspectos administrativos do atual governo dos EUA. Advogados do Estado que reconhecem falhas em procedimentos de deportação são, segundo relatos, removidos de suas funções.

Em diversos casos, provas são mantidas sob sigilo com base em justificativas de segurança nacional ou simplesmente inexistem. No caso de García, segundo o FT, não houve apresentação de evidências que sustentassem sua deportação.

A repressão a opositores e à imprensa também é apontada no relatório do jornal. O ex-diretor da Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura, Chris Krebs, foi alvo de ações judiciais após questionar alegações de fraude eleitoral.

Em paralelo, a rede CBS recebeu ameaças quanto à renovação de sua licença após exibir uma entrevista crítica a Trump no programa “60 Minutes”, com declarações do presidente ucraniano sobre a disseminação de informações russas nos Estados Unidos.

O Financial Times ainda cita a relação entre Washington e El Salvador no campo da segurança. O governo norte-americano, segundo a publicação, não divulgou detalhes do contrato firmado para a construção de um centro de detenção em território salvadorenho, com financiamento dos EUA.

Empresas privadas ligadas ao setor de segurança, como a do ex-diretor da Blackwater, Erik Prince, estariam entre as interessadas nas operações decorrentes desse acordo.

O cenário econômico também é mencionado. Relatório do banco Morgan Stanley teria alertado investidores para instabilidades causadas por decisões econômicas do governo norte-americano.

Entre os pontos destacados estão mudanças tarifárias frequentes e a revogação de normas anticorrupção. Trump perdoou aliados condenados por fraude e outras irregularidades, o que, segundo os analistas, contribui para um ambiente de incerteza regulatória.

Diante do avanço dessas políticas, o jornal britânico aponta que cresce entre cidadãos americanos a preocupação com a estabilidade do sistema jurídico do país. A publicação traça um paralelo com a Rússia, citando a possibilidade de pedidos de asilo por parte de cidadãos em nações com maior previsibilidade institucional.

O encontro entre Trump e Bukele e o não cumprimento da ordem da Suprema Corte são apresentados pelo Financial Times como indícios de uma transformação nos fundamentos institucionais dos Estados Unidos.

O episódio é interpretado como um marco na mudança da relação entre os poderes e na condução das políticas internas, com possíveis repercussões no cenário internacional e na credibilidade do sistema democrático norte-americano.

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