Maior do Nordeste? Fortaleza encara LDU para se tornar primeiro clube da região a conquistar um título internacional
Final da Copa Sul-Americana será realizada neste sábado, 28, às 17h, no Uruguai; Leão do Pici pode se juntar a Bahia e Sport, os dois únicos clubes que conseguir transpor as fronteiras nordestinas
O Fortaleza pode fazer história na tarde deste sábado, 28, contra a LDU, pela final da Copa Sul-Americana, às 17h (de Brasília), em Maldonado, no Uruguai. Caso vença, será a primeira conquista internacional da história do clube e do futebol nordestino. O CSA-AL esteve perto de alcançar esse feito em 1999, quando chegou à final da extinta Copa Conmebol, contra o Talleres, da Argentina. Entretanto, os alagoanos acabaram com o vice-campeonato, naquela que havia sido a melhor campanha de um clube do Nordeste em uma competição continental. Hoje os cearenses podem alcançar o feito que os alagoanos não conseguiram. Quem poderia imaginar que aquele clube que até pouco tempo atrás amargava um calvário nas divisões inferiores pudesse conseguir bons resultados em uma competição almejada pelos maiores clubes do país e da América do Sul?
Há seis anos, o mesmo torcedor que festeja o bom momento amargava a Série C do Campeonato Brasileiro. Após disputar a Série A em 2006, o clube ficou dez anos vagando entre as séries B e C, bem longe do cenário nacional. A situação mudou a partir de 2017. O time foi vice-campeão da terceira divisão nacional e garantiu o acesso para a Segundona. A conquista aumentou ainda mais a ambição do Leão do Pici. Rogério Ceni assumiu a equipe com a missão de organizar o time em campo e também fazer parte da reestruturação fora das quatro linhas. O time emendou sua melhor campanha na história da competição em 2018, quando somou 71 pontos. Assim, o Fortaleza voltou a disputar a elite do futebol nacional, onde se encontra até hoje. Neste período, firmou-se na elite, sempre terminando entre os dez primeiros da competição. As boas campanhas resultaram na primeira participação do Triocolor na Libertadores, onde chegou nas oitavas de final em 2022, já sob comando do argentino Juan Pablo Vojvoda. Neste ano, os cearenses se despediram ainda na fase preliminar, mas uma nova história começou a ser escrita a partir dali. Com muita organização em campo, o Leão fez uma campanha irretocável e chegou à final da Sul-Americana. Não há dúvidas de que o título mudaria o status do clube cearense.
A agremiação cearense, porém, não é a única equipe da região a ir além das conquistas regionais. Bahia e Sport são outros times nordestinos que alcançaram grandes feitos. O Tricolor de Aço é bicampeão brasileiro, enquanto o time pernambucano possui um Brasileirão (envolvido em uma polêmica com o Flamengo sobre quem é o campeão da edição de 1987) e uma Copa do Brasil, quando derrotou times como Palmeiras, Internacional, Vasco e Corinthians.
Em 1959 Bahia foi campeão da Taça Brasil ao superar o Santos, melhor time da época e liderado simplesmente pelo maior jogador da história do futebol: Pelé. A competição reuniu os 15 principais campeões estaduais. Além do Bahia, campeão da edição, Santos, São Paulo, Vasco, Athletico-PR, Atlético-MG, Grêmio, Sport, Rio Branco-ES, Hercílio Luz-SC, Auto Esporte-PB, ABC-RN, Ceará, CSA-AL e Tuna Luso-PA disputaram a competição. Na histórica campanha, o Bahia deixou para trás CSA, Ceará, Sport, Vasco e o Peixe. O Esquadrão de Aço disputou 14 jogos, venceu 9, empatou 2 e perdeu 3. Marcou 25 gols e sofreu 18. O camisa 9 do Esquadrão, Léo Briglia, ainda foi artilheiro da competição, com oito gols marcados. Foram necessários três jogos para derrotar o Alvinegro: no primeiro duelo, o Tricolor derrotou o Santos por 3 a 2. Na segunda partida, vitória santista por 2 a 0. O regulamento previa um jogo desempate, vencidos pelos baianos por 3 a 1 — eles se tornaram a primeira equipe brasileira a disputar a Libertadores.
Em 1988, o Bahia voltava ao cenário nacional. Liderado por Bobô, o Tricolor de Aço voltou a ser campeão brasileiro, contra o Internacional, em pleno Beira-Rio. Foram 14 vitórias, 11 empates e apenas 5 derrotas. Na caminhada ao bicampeonato, os tricolores eliminaram Sport e Fluminense, além do Colorado na grande final. No primeiro duelo, vitória do Bahia por 2 a 1. Em Porto Alegre, mesmo com grande apoio da torcida adversária, a partida terminou empatada sem gols e rendeu o bicampeonato ao time nordestino. O Bahia é detentor da melhor campanha de um clube do Nordeste na Libertadores, em 1989, quando chegou até as quartas-de-final. É também o único da região a ter disputado três vezes a competição. Em 1960, o time caiu ainda na primeira fase. Já em 1964, o Deportivo Itália, da Venezuela, eliminou a equipe brasileira na fase preliminar da competição.
Em 1988, foi o Sport que experimentou este sabor. Tudo havia começado no dia 7 de fevereiro daquele ano, quando o zagueiro Março Antônio cabeceou para balançar a rede da Ilha do Retiro. Vitória sobre o Guarani por 1 a 0. Era o gol do título Brasileirão do Leão da Ilha. A conquista, no entanto, gera discussão até hoje. Isso porque o regulamento do campeonato previa um quadrangular final entre os clubes finalistas dos Módulos Verde e Amarelo. Sport e Guarani entraram em campo, mas Flamengo e Internacional se recusaram a jogar — e por isso perderam as respectivas partidas por W.O. Ao fim do quadrangular, o Sport venceu o Guarani e sagrou-se campeão. O Flamengo se considera o vencedor daquele ano e até tentou buscar o reconhecimento na Justiça, mas foi derrotado em todas as instâncias. Sendo assim, o Sport é reconhecido como o campeão brasileiro de 1987 — o torneio se estendeu até o ano seguinte. Foram 13 vitórias, cinco empates e três derrotas.
Vinte e um anos depois, o grito de “é campeão” dos rubro-negros voltava a ecoar pelo país. Com uma campanha impecável, o Sport conquistou a Copa do Brasil após vencer o Corinthians por 2 a 0, também na Ilha do Retiro. O time pernambucano perdeu o primeiro duelo por 3 a 1, mas conseguiu reverter o resultado diante do seu torcedor e contou com gol qualificado, vigente naquela época. Durante a campanha, outros gigantes do futebol brasileiro não foram páreos para o Leão: Palmeiras, Internacional e Vasco ficaram pelo caminho. Foi a terceira grande conquista a nível nacional do futebol nordestino. A melhor campanha do Sport na Libertadores foi justamente em 2009, quando chegou até as oitavas de final da competição. Em 1988, o time não passou da primeira fase.