segunda-feira, abril 21, 2025
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》Importações chinesas de petróleo canadense batem recorde e substituem produto dos EUA – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

Refinarias chinesas aumentaram significativamente as importações de petróleo bruto canadense nos últimos meses, enquanto reduziram em cerca de 90% as compras do produto originado nos Estados Unidos.

A mudança nos fluxos comerciais ocorre em meio à intensificação das tensões entre Washington e Pequim, segundo dados da Vortexa Ltd., empresa especializada em rastreamento de embarques de petróleo e gás natural por via marítima. A informação foi divulgada pela Bloomberg.

As importações da China provenientes do terminal do Oleoduto Trans Mountain (TMX), localizado próximo a Vancouver, alcançaram 7,3 milhões de barris em março, o maior volume já registrado. A expectativa do setor é de que esse número seja ultrapassado em abril, consolidando a preferência das refinarias chinesas pelo petróleo bruto canadense.

Ao mesmo tempo, as importações chinesas de petróleo dos Estados Unidos registraram queda expressiva, passando de um pico de 29 milhões de barris em junho do ano anterior para 3 milhões de barris por mês.

Essa alteração reflete os impactos das recentes medidas adotadas pelo governo norte-americano, liderado pelo presidente Donald Trump, voltadas à reconfiguração das relações comerciais globais.

A elevação da demanda chinesa por petróleo bruto canadense começou após a conclusão da expansão do Oleoduto Trans Mountain em maio do ano passado.

A obra passou a permitir o escoamento do petróleo extraído na região de areias betuminosas de Alberta até a costa do Pacífico, facilitando o acesso ao mercado do Leste Asiático.

A nova configuração logística transformou o Canadá em uma alternativa estratégica de fornecimento para refinarias chinesas, que buscam diversificar suas fontes de suprimento em meio às incertezas nas relações com os Estados Unidos. A avaliação é compartilhada por especialistas como Wenran Jiang, presidente do Fórum de Energia e Meio Ambiente Canadá-China.

“Dada a guerra comercial, é improvável que a China importe mais petróleo dos EUA”, afirmou Jiang. “Eles não vão apostar apenas na Rússia ou apenas no Oriente Médio. Qualquer coisa vinda do Canadá será uma boa notícia.”

Embora o volume total de petróleo canadense importado pela China ainda seja inferior ao proveniente do Oriente Médio e da Rússia, o produto de Alberta apresenta características técnicas que o tornam adequado às refinarias chinesas.

Trata-se de um petróleo denso, com alto teor de enxofre, similar ao Basrah Heavy do Iraque, mas oferecido a preços mais baixos, principalmente devido à valorização do petróleo de referência de Dubai, que eleva os custos das compras no mercado do Oriente Médio.

Com a expansão do TMX, a competitividade do petróleo canadense aumentou, atraindo compradores interessados em reduzir custos operacionais e diversificar a origem do suprimento. O acesso direto ao Pacífico também permitiu maior eficiência logística para atender à demanda asiática.

As refinarias chinesas, muitas delas equipadas para processar petróleo de alto teor de enxofre, passaram a considerar o produto canadense como alternativa economicamente viável diante das limitações impostas pela política comercial dos Estados Unidos.

A escalada das tarifas e a revisão de acordos comerciais promovida pelo governo Trump resultaram na reconfiguração de diversos fluxos de comércio, incluindo o setor energético.

A decisão da China de reduzir a dependência do petróleo norte-americano está inserida em um contexto mais amplo de rearranjos estratégicos.

Desde 2018, o país asiático tem ampliado acordos com países produtores como Rússia, Irã e Arábia Saudita, ao mesmo tempo em que explora fontes alternativas nas Américas e na África.

O petróleo extraído das areias betuminosas de Alberta tem enfrentado desafios históricos de escoamento devido a limitações de infraestrutura, o que afetava sua competitividade internacional.

Com a entrada em operação da expansão do TMX, a capacidade de transporte aumentou em cerca de 590 mil barris por dia, abrindo novas oportunidades para exportações.

O crescimento nas exportações para a China representa uma mudança significativa no destino do petróleo canadense, tradicionalmente escoado para os Estados Unidos.

A nova rota via Pacífico permite acesso direto a mercados como Japão, Coreia do Sul e Índia, além da própria China, que lidera a demanda global por petróleo bruto.

A reconfiguração dos fluxos comerciais entre América do Norte e Ásia é monitorada de perto por analistas e autoridades do setor energético. A tendência é de que, com a continuidade das tensões comerciais entre EUA e China, o Canadá fortaleça sua posição como fornecedor alternativo no mercado asiático.

A evolução desse cenário dependerá de fatores como a estabilidade dos preços internacionais, a manutenção das sanções comerciais e o comportamento da demanda por combustíveis na Ásia.

As autoridades canadenses, por sua vez, têm sinalizado interesse em ampliar a capacidade de exportação de energia, com foco na diversificação de destinos e no fortalecimento de parcerias estratégicas fora do eixo tradicional norte-americano.

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