》Países do BRICS esgotam oferta de petróleo da Rússia e buscam integração fora do dólar – Expresso Noticias
Vamos ao assunto:
Os países que compõem o BRICS têm intensificado a demanda por petróleo, gás natural liquefeito (GNL) e carvão russos, com os volumes de petróleo já totalmente contratados, segundo afirmou o vice-ministro da Energia da Rússia, Roman Marshavin, em entrevista à agência Sputnik.
A declaração ocorre em um contexto de crescimento nas relações energéticas entre os membros do bloco e de busca por maior autonomia em relação a mecanismos financeiros ocidentais.
“Os parceiros do BRICS já estão declarando abertamente seu interesse pelos recursos energéticos russos, mesmo em projetos que estão sob sanções ocidentais. Estamos falando de GNL, petróleo, derivados de petróleo e carvão. Além disso, no caso do petróleo, estamos diante de uma situação em que a demanda excede os volumes disponíveis. Tudo já foi contratado e há poucos volumes novos disponíveis. Não vemos falta de demanda”, disse Marshavin.
A Rússia, alvo de sanções ocidentais desde o início do conflito com a Ucrânia, tem adotado estratégias de redirecionamento comercial.
O vice-ministro destacou que, em 2022, o país conseguiu manter o volume de exportações ao transferir seu foco para mercados alternativos. Entre esses mercados, os países do BRICS — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outras nações recentemente incorporadas — têm ganhado destaque como parceiros prioritários.
Além do interesse pelos recursos energéticos, Marshavin informou que os países do BRICS também buscam aprender com o modelo russo de comercialização sob restrições econômicas. A proposta russa envolve a criação de uma infraestrutura econômica comum, que inclua mecanismos próprios de pagamento e logística, desvinculados das estruturas ocidentais.
“Se criarmos um sistema que seja invulnerável à influência externa, e tivermos nossos próprios mecanismos de pagamento e logística, então não haverá necessidade de dólares nem de classificações ocidentais”, declarou o vice-ministro.
As declarações reforçam o movimento coordenado dentro do BRICS por maior independência energética e financeira, discutido em diversas reuniões do grupo desde o início da década.
Em cúpulas recentes, líderes do bloco abordaram a possibilidade de adoção de moedas locais para transações comerciais e a ampliação de infraestrutura de integração logística, com o objetivo de reduzir a dependência do dólar e dos sistemas financeiros dominados por potências ocidentais.
A Estratégia Energética da Rússia até 2050, documento divulgado pelo governo, prevê aumento na produção e exportação de petróleo. Segundo o planejamento, a produção total deve alcançar 540 milhões de toneladas por ano até 2050. As exportações, por sua vez, devem crescer para 235 milhões de toneladas anuais.
O refino de petróleo também está incluído nas metas de expansão. A capacidade de refino deverá atingir 283 milhões de toneladas por ano até 2050, um aumento de 3% em relação aos 275 milhões de toneladas registrados em 2023. O plano russo considera esse crescimento estratégico para sustentar o fornecimento aos mercados parceiros e garantir maior valor agregado à produção nacional.
Os movimentos da Rússia e dos países do BRICS ocorrem em um cenário de reconfiguração do comércio global de energia. Com sanções impondo restrições às exportações russas para Europa e Estados Unidos, países como China e Índia passaram a assumir uma parcela maior da importação de petróleo e derivados russos. O Brasil também participa dessas dinâmicas, ampliando parcerias técnicas e comerciais no setor energético.
O aprofundamento das relações energéticas no BRICS coincide com o debate sobre uma maior institucionalização do grupo. Nos últimos anos, os países-membros vêm discutindo formas de ampliar sua influência global por meio de mecanismos próprios de financiamento, comércio e integração energética. A cooperação em infraestrutura, logística e pagamentos é um dos eixos centrais dessas discussões.
A possibilidade de um sistema alternativo de trocas comerciais e financeiras, conforme sugerido por Marshavin, envolve a substituição gradual do dólar em transações entre os membros do BRICS e o fortalecimento de moedas nacionais nos fluxos bilaterais.
Essa iniciativa encontra respaldo em declarações anteriores de representantes da China, da Índia e da África do Sul, que manifestaram interesse em reduzir a exposição cambial e financeira a pressões externas.
Em meio a esse processo, a Rússia tenta consolidar sua posição como fornecedora estratégica de energia no bloco. Com a demanda superando a oferta em petróleo e GNL, as projeções indicam que novos acordos e investimentos em infraestrutura energética podem ser firmados entre os membros nas próximas rodadas de negociações.
A próxima cúpula do BRICS deve retomar o debate sobre segurança energética, políticas de integração regional e alternativas ao sistema financeiro global. As declarações de Marshavin apontam para uma estratégia de longo prazo, em que o fornecimento russo de energia se alinha ao esforço conjunto por maior autonomia do bloco frente às estruturas tradicionais de comércio e finanças.
Com informações da Sputnik
www.expressonoticias.website