》Na guerra de tarifas, a China desvia e prospera – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

Empresas chinesas usam países do Sudeste Asiático como rota alternativa para driblar tarifas dos EUA e manter o fluxo comercial sem cair nas sanções


Enquanto a tensão entre China e Estados Unidos permanece em alta, uma nova estratégia chinesa começa a ganhar força: o desvio de rotas comerciais. Dados recentes revelam que empresas chinesas estão cada vez mais enviando mercadorias para os Estados Unidos por meio de países do Sudeste Asiático, na tentativa de driblar as pesadas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.

Segundo dados divulgados pelo Censo dos Estados Unidos, as exportações chinesas diretas para o país norte-americano caíram 43% em maio na comparação anual — um total equivalente a US$ 15 bilhões em produtos. Apesar disso, as exportações totais da China cresceram 4,8% no mesmo período, graças ao aumento de 15% nas vendas para membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e elevação de 12% para a União Europeia.

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“A mudança é realmente impressionante”, afirmou Mark Williams, economista-chefe da consultoria Capital Economics. “Já vimos isso durante a primeira guerra comercial EUA-China. Houve um desvio imediato: as importações americanas da China despencaram, mas subiram fortemente no Vietnã e no México.”

Essa prática, conhecida como transshipment, consiste em enviar mercadorias de um país para outro antes de seguirem ao destino final — neste caso, os EUA — com o objetivo de mascarar a origem real dos produtos e evitar taxas extras. No entanto, Washington não está de braços cruzados.

Na semana passada, os Estados Unidos anunciaram um acordo comercial com o Vietnã que inclui uma taxa de 40% sobre produtos que sejam reexportados pelo país asiático, medida vista como um golpe direto contra a estratégia chinesa. A pressão aumenta ainda mais porque o prazo de pausa nas chamadas tarifas “recíprocas” impostas por Trump expira na quarta-feira, e qualquer novo acordo pode vir acompanhado de novos impostos específicos para conter o desvio comercial.

Guerra comercial sem fim à vista

O movimento chinês reflete uma adaptação constante às políticas protecionistas dos EUA, mas também ilumina os limites das tarifas como ferramenta eficaz de controle comercial. Embora o objetivo inicial fosse reduzir a dependência americana de produtos chineses, o resultado tem sido uma simples mudança de rotas — e não necessariamente uma queda real nas importações desses itens.

Além disso, enquanto Pequim ajusta suas estratégias comerciais, outras frentes internacionais também são afetadas. O Vietnã, agora no centro das atenções, enfrenta pressões crescentes para regularizar sua participação nesse jogo complexo de comércio global. Países que ainda não fecharam acordos com Washington correm o risco de sofrer medidas retaliatórias similares.

No cenário internacional, outras notícias importantes envolvendo a China chamam atenção:

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China amplia investimentos no exterior para garantir recursos estratégicos

Empresas chinesas estão acelerando a aquisição de minas e projetos minerários em outros países, num ritmo que não era visto há mais de dez anos. O objetivo é claro: garantir acesso a matérias-primas essenciais para sustentar a economia global — especialmente minerais usados na tecnologia e energias limpas.

Especialistas alertam que esse movimento representa uma corrida contra o tempo. “As empresas chinesas estão tentando concluir muitas fusões e aquisições antes que a situação geopolítica fique ainda mais complicada”, explicou um analista do setor. Essa expansão traz tanto oportunidades quanto riscos, já que a competição por recursos naturais tende a esquentar conflitos regionais e gerar críticas de governos locais e grupos ambientalistas.

Projeto controverso prevê reconstrução de Gaza com inspiração Trump e Musk

Outra manchete curiosa envolveu o Instituto Tony Blair, que teria participado de um projeto ambicioso para a reconstrução pós-guerra de Gaza. Segundo documentos vistos pelo Financial Times, o plano incluiria zonas econômicas especiais batizadas como “Trump Riviera” e “Elon Musk Smart Manufacturing Zone”, com o intuito de transformar o enclave palestino em um polo comercial moderno e atrativo.

O projeto, liderado por empresários israelenses e apoiado por modelos financeiros da Boston Consulting Group, busca repensar Gaza como uma área autossuficiente economicamente. Porém, a menção explícita a figuras internacionais como Trump e Musk gerou polêmica, considerando os contextos políticos sensíveis envolvidos.

Ataques no Mar Vermelho e retomada pública de Khamenei

Enquanto isso, na região do Oriente Médio, um navio cargueiro de propriedade grega foi atacado no Mar Vermelho após o primeiro suposto ataque realizado pelos rebeldes houthis em 2024. Poucas horas depois, o ministro da Defesa de Israel declarou, em uma publicação no X (antigo Twitter), que alvos associados aos houthis foram atingidos com força — incluindo portos e uma estação de energia no Iêmen.

No Irã, o líder supremo Ayatollah Ali Khamenei reapareceu em público pela primeira vez desde os ataques israelenses ao país no mês passado, marcando um momento simbólico de resistência e recuperação.

Elon Musk cria partido político nos EUA após rompimento com Trump

Do outro lado do mundo, Elon Musk anunciou a criação de um novo partido político nos Estados Unidos, com o objetivo de combater o que ele chama de “sistema de partido único” que domina o país. O bilionário decidiu partir para ações políticas após divergências com Trump sobre uma importante proposta legislativa doméstica. Inicialmente, o partido deve focar em disputas eleitorais estratégicas no Congresso.

Emergência climática no Texas

Por fim, os Estados Unidos enfrentam uma emergência humanitária no Texas, onde a busca por onze meninas desaparecidas em um acampamento de verão entrou no terceiro dia. Enquanto isso, o número de mortos causados pelas enchentes repentinas já ultrapassou as 70 pessoas, incluindo 21 crianças. Autoridades relataram que o rio Guadalupe, na região central do estado, subiu cerca de oito metros em apenas 45 minutos na madrugada de sexta-feira, inundando estradas e destruindo residências.


Hong Kong tenta recuperar brilho de centro financeiro global

Após anos turbulentos — marcados por protestos pró-democracia, leis de segurança nacional impostas por Pequim e rígidas restrições sanitárias durante a pandemia — Hong Kong tenta reencontrar seu lugar como hub financeiro internacional. Kaye Wiggins, correspondente do Financial Times que retornou recentemente da cidade, conta como o ambiente de negócios local vem mudando.

Mesmo com os desafios, há sinais de recuperação. Empresas multinacionais começam a voltar, e autoridades locais apostam em reformas para atrair capital estrangeiro. Mas a confiança internacional ainda é frágil, e o futuro de Hong Kong dependerá não apenas de seus próprios esforços, mas também da relação delicada entre Pequim e o Ocidente.


Enquanto tudo isso acontece no cenário global, há espaço até para notícias mais leves: o primeiro Legoland da China, um dos maiores do mundo, abriu oficialmente suas portas no sábado em Xangai. Entre as atrações, destaca-se uma réplica do Grande Muro da China totalmente construída com peças de Lego — algo que mistura cultura, história e diversão para famílias.

O mundo segue em constante movimento, com guerras comerciais, crises humanitárias, projetos ambiciosos e até novas formas de entretenimento. E no meio de tudo isso, a China continua buscando caminhos alternativos para manter seu poder econômico intacto, mesmo diante de barreiras cada vez mais altas.

Com informações de Financial Times*

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