》Estadão sugere saída do Brasil do BRICS e defende submissão aos EUA – Expresso Noticias
Vamos ao assunto:
O jornal O Estado de S. Paulo publicou nesta segunda-feira, 21, um editorial em que defende que o Brasil deixe o BRICS, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Intitulado “Brasil paga a conta da imprudência de Lula”, o texto argumenta que a atual política externa adotada pelo governo federal estaria gerando impactos negativos ao país, especialmente após a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos.
No editorial, o jornal afirma: “Sairá cara a decisão de Lula de alinhar o Brasil à China e à Rússia a pretexto de fortalecer o Brics contra os EUA de Trump”. O texto associa a política externa brasileira a um suposto “alinhamento imprudente” com os dois países, ignorando o peso geopolítico do bloco, que representa mais de 40% da população mundial.
O editorial critica diretamente a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e considera a participação brasileira no BRICS como um movimento de risco para o cenário econômico e diplomático. “A única forma de poupar o Brasil dos efeitos deletérios dessa decisão seria abandonar esse bloco, que se presta unicamente aos projetos chineses e russos, sem qualquer ganho concreto e de longo prazo para o País”, diz o jornal.
A publicação não menciona, no entanto, a recente cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, evento que contou com presença de representantes de dezenas de países e tratou de pautas como o financiamento de infraestrutura, uso de moedas locais no comércio internacional e a reforma das instituições financeiras multilaterais.
O Estadão também não cita os efeitos diretos da tarifa imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump, que iniciou seu segundo mandato em 2025 com medidas econômicas voltadas à proteção do mercado interno. A nova taxa de 50% sobre produtos brasileiros foi anunciada em meio a um contexto de tensão diplomática e comercial com países que compõem o BRICS.
No editorial, o jornal relaciona a política externa do governo Lula ao aumento da pressão internacional exercida pelos EUA. Segundo o texto, a atuação brasileira estaria sendo mal interpretada por aliados tradicionais do Ocidente e poderia comprometer relações comerciais estratégicas. A crítica do jornal é feita sem abordar as medidas adotadas por Washington para conter investigações judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, mencionadas brevemente como “irresponsabilidade de Jair Bolsonaro” sem aprofundar o tema.
Ao longo do editorial, o Estadão caracteriza o BRICS como uma plataforma a serviço dos interesses chineses e russos. O jornal escreve: “O Brics se presta exclusivamente a projetar o poder da China em contraste com os EUA e o Ocidente”. E acrescenta: “O apoio à Rússia funciona como um respaldo ao imperialismo de Vladimir Putin”.
A publicação também não traz referência às recentes iniciativas do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do BRICS, nem às tratativas para ampliar o bloco com novos países membros. O editorial não analisa os acordos de cooperação firmados nos últimos encontros multilaterais nem os posicionamentos conjuntos relacionados à paz internacional, segurança alimentar e desenvolvimento sustentável.
A posição do jornal contrasta com a atual política externa brasileira, que tem buscado ampliar o diálogo com diferentes blocos econômicos e investir em uma diplomacia multilateral. O Brasil tem reforçado, nas últimas cúpulas internacionais, a necessidade de diversificação de parcerias comerciais e fortalecimento de laços com países do Sul Global.
Durante a cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, o governo federal destacou a importância de um sistema internacional baseado em múltiplos centros de poder e na cooperação entre países em desenvolvimento. Os representantes presentes trataram de temas como financiamento de infraestrutura, meio ambiente, uso de moedas locais em transações comerciais e inclusão de novos integrantes ao grupo.
O editorial também não aborda os dados sobre o crescimento das trocas comerciais entre países do BRICS nem os estudos sobre os impactos positivos para os países membros em termos de investimentos, cooperação tecnológica e fortalecimento de cadeias produtivas regionais.
A defesa da saída brasileira do BRICS, feita pelo Estadão, reacende o debate sobre o papel do Brasil no cenário global. O país tem buscado equilibrar sua atuação entre diferentes polos de poder e ampliar sua inserção internacional com base em múltiplas alianças. O posicionamento do jornal, no entanto, aponta para uma linha de ação focada na retomada do alinhamento automático com os Estados Unidos.
Ao afirmar que “o Brics não oferece qualquer ganho concreto e de longo prazo para o País”, o editorial apresenta uma avaliação crítica da estratégia adotada pelo governo atual, mas não apresenta comparações com os efeitos de políticas externas anteriores, nem alternativas detalhadas para o fortalecimento da economia e da posição internacional brasileira.
A publicação se insere em um contexto geopolítico de realinhamento de forças, em que países do Sul Global buscam ampliar sua representação em fóruns internacionais. A postura adotada pelo Brasil nos últimos anos tem priorizado a ampliação de canais diplomáticos, fortalecimento da soberania nacional e diversificação das relações exteriores.
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