》Reino Unido aposta na Índia para além do pós-Brexit – Expresso Noticias
Vamos ao assunto:
Reino Unido e Índia selam acordo comercial histórico de livre comércio durante visita de Modi; Parceria visa impulsionar comércio em US$ 34 bilhões até 2040 e marca nova fase nas relações entre os dois países
Em um encontro marcado por discursos otimistas e apertos de mão simbólicos, o Reino Unido e a Índia oficializaram nesta quinta-feira (24) um acordo de livre comércio que promete revitalizar as relações econômicas entre os dois países. A cerimônia aconteceu na residência de campo do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, durante a visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
O pacto, resultado de três anos de negociações intermitentes, representa o maior acordo comercial que o Reino Unido firma desde sua saída da União Europeia, em 2020. As expectativas são de que o comércio bilateral cresça em aproximadamente US$ 34 bilhões até o ano de 2040, com reduções significativas de tarifas em setores estratégicos como têxteis, automotivo e bebidas.
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“Abrimos uma nova página na história das nossas relações”, declarou Starmer ao lado de Modi, em Chequers. “Esta é uma nova era global que exige que nos posicionemos, não que fiquemos de lado, construindo parcerias e alianças mais profundas.”
Para a Índia, o acordo é considerado o mais ambicioso que o país já firmou com uma economia desenvolvida. O primeiro-ministro Modi classificou o entendimento como “um projeto para nossa prosperidade compartilhada”, destacando que produtos indianos como joias, têxteis e frutos do mar terão acesso facilitado ao mercado britânico.
Redução de tarifas e ganhos mútuos
Entre os principais benefícios do acordo estão as reduções tarifárias em produtos de interesse de ambos os lados. O uísque escocês, por exemplo, terá sua taxa de importação cortada de 150% para 75% imediatamente, com previsão de queda para 40% ao longo da próxima década. Já bebidas como brandy e rum verão suas tarifas reduzidas de 150% para 110% inicialmente, chegando a 75% no futuro.
No setor automotivo, a Índia reduzirá suas tarifas de até 110% para 10% em cinco anos, por meio de um sistema de cotas que será implementado gradualmente. Em contrapartida, fabricantes britânicos de veículos elétricos e híbridos ganharão acesso privilegiado ao mercado indiano, também sob regime de cotas.
O acordo prevê que 99% das exportações indianas para o Reino Unido sejam beneficiadas com tarifas zero, incluindo produtos têxteis. Já as empresas britânicas verão a tarifa média sobre suas exportações cair de 15% para 3%, com reduções em 90% das linhas tarifárias.
Empresas como BMW, Nissan, Aston Martin e Jaguar Land Rover devem se beneficiar diretamente com as novas condições, assim que o acordo for ratificado – processo que deve levar cerca de um ano.
Parceria além do comércio
Além das questões econômicas, os dois países firmaram uma parceria mais ampla que abrange áreas como defesa, clima e segurança. Entre as metas está o fortalecimento da cooperação no combate ao crime organizado e ao tráfico internacional.
A visita de Modi ao Reino Unido também incluiu um encontro com o rei Charles em sua propriedade particular em Sandringham, momento simbólico que reforça o fortalecimento das relações diplomáticas entre os países.
Contexto geopolítico
A assinatura do acordo ocorre em um momento delicado no cenário global, com os EUA adotando uma postura protecionista sob a presidência de Donald Trump. A pressa em concluir o pacto reflete o desejo de ambos os lados de diversificarem suas parcerias comerciais diante da turbulência tarifária internacional.
Para especialistas, o acordo com a Índia pode servir como modelo para futuras negociações da União Europeia com Nova Délhi, além de abrir caminho para uma maior integração econômica entre o Reino Unido e os países do Indo-Pacífico.
Apesar de os efeitos práticos do acordo ainda levarem tempo para serem sentidos – a entrada em vigor está prevista para daqui a um ano –, o sinal político é claro: o Reino Unido busca novos parceiros estratégicos fora da Europa, enquanto a Índia expande sua influência econômica global por meio de alianças com potências ocidentais.
“Este é mais do que um acordo comercial”, resumiu Starmer. “É o começo de uma nova fase nas nossas relações – mais próxima, mais próspera e mais segura.”
EUA e Índia negociam acordo comercial que pode reduzir tarifas para menos de 20%

Enquanto a administração Trump ameaça impor tarifas de até 50% a diversos parceiros comerciais asiáticos, os Estados Unidos e a Índia estão trabalhando para selar um acordo comercial provisório que reduziria as taxas de importação para menos de 20%, segundo informações de pessoas diretamente envolvidas nas negociações.
A Índia, diferentemente de outros países da região, não espera receber uma carta de exigência tarifária nos próximos dias. Ao contrário, as autoridades em Nova Délhi antecipam que o acordo será anunciado por meio de uma declaração conjunta, evitando o tom confrontacional adotado com nações como Filipinas, Laos e Mianmar.
O entendimento provisório permitirá que as conversas continuem, dando à Índia um espaço para resolver pendências antes de um acordo mais completo, previsto para ser concluído até o outono deste ano.
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Tarifa reduzida como sinal de confiança
A declaração inicial estabelecerá uma tarifa base de menos de 20%, em contraste com os 26% inicialmente cogitados pela administração Trump. A linguagem do documento permitirá que ambas as partes continuem negociando essa taxa como parte do pacto final, mantendo a flexibilidade necessária para avançar nas discussões.
“Se finalizado, a Índia estaria em uma lista restrita de parceiros comerciais que conseguiram acordos com a administração Trump”, destaca analista econômico acompanhando as negociações. O presidente americano surpreendeu diversos aliados nesta semana ao anunciar tarifas que variam entre 20% e 50%, antes do prazo de 1º de agosto.
A Índia busca condições mais favoráveis do que as oferecidas ao Vietnã, que aceitou tarifas de 20% em um acordo preliminar. No entanto, o próprio Vietnã ainda tenta renegociar esses termos, considerados pesados para sua economia exportadora.
Negociações complexas e posições firmes
Apesar do otimismo inicial, as negociações enfrentam obstáculos significativos. A Índia já apresentou sua melhor proposta à administração Trump, deixando claro onde estão seus limites. Uma equipe de negociadores indianos deve visitar Washington nas próximas semanas para tentar avançar nas discussões.
Ambos os lados mantêm posições inflexíveis em questões-chave. Os EUA exigem que a Índia abra seu mercado para culturas geneticamente modificadas – um pedido que Nova Délhi rejeita categoricamente, alegando riscos para seus agricultores e a soberania alimentar do país.
Barreiras não tarifárias na agricultura e processos regulatórios na indústria farmacêutica também permanecem como pontos de discórdia. A Índia é um dos maiores produtores de genéricos do mundo, e qualquer mudança nas normas de regulamentação pode impactar diretamente milhões de pacientes globalmente.
Contexto geopolítico favorável
A Índia foi uma das primeiras nações a procurar a Casa Branca para negociações comerciais este ano, buscando fortalecer laços estratégicos diante do crescente isolacionismo americano. Apesar de sinais de tensão nas últimas semanas, o presidente Trump indicou em entrevista à NBC News que um acordo com a Índia está próximo.
“Estou considerando tarifas gerais de 15% a 20% para a maioria dos parceiros comerciais que ainda não foram informados sobre suas taxas”, afirmou Trump, em entrevista na quinta-feira. A tarifa mínima global atual para quase todos os parceiros comerciais dos EUA é de 10%.
Enquanto países como Laos e Mianmar enfrentam tarifas de 40%, e o Vietnã e as Filipinas lidam com taxas de 20%, a Índia parece estar sendo tratada como parceira estratégica, merecedora de condições especiais.
Oportunidade única para Nova Délhi
Para especialistas, o acordo representa uma oportunidade única para a Índia consolidar sua posição como potência econômica global. O país tem buscado diversificar suas parcerias comerciais diante da instabilidade geopolítica e da crescente hostilidade comercial liderada pelos EUA.
O Reino Unido é, até o momento, o único outro país com o qual Trump anunciou um acordo comercial completo. A Índia, com sua economia em rápido crescimento e mercado consumidor de 1,4 bilhão de pessoas, representa um parceiro valioso para os interesses econômicos americanos.
Apesar das divergências técnicas e das posições firmes de ambos os lados, os canais de negociação permanecem abertos. A expectativa é de que o anúncio do acordo provisório possa acontecer nas próximas semanas, marcando o início de uma nova fase nas relações comerciais entre os dois países.
Com informações de O Cafezinho, Bloomberg e CNN*
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