》Vídeo: Em 1ª entrevista após perda, Gilberto Gil detalha últimos momentos de Preta Gil e abre o coração: “Vácuo muito grande” – ExpressoNoticias

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Resumo da Notícia

Gilberto Gil concedeu ao “Fantástico” a primeira entrevista após a morte de Preta Gil, vítima de câncer em julho, em Nova York. O cantor relembrou os últimos momentos da filha, o legado que ela deixa e a força recebida do público. Ele também falou sobre a luta dela pela vida e anunciou retorno aos palcos em setembro.

Neste domingo (10), o ícone da MPB Gilberto Gil concedeu sua primeira entrevista após a morte da filha, Preta Gil. Em conversa com o “Fantástico“, o artista relembrou os últimos momentos da cantora e descreveu como foi a despedida final.

Preta faleceu no fim de julho, em Nova York, em decorrência de um câncer. A doença foi diagnosticada pela primeira vez em janeiro de 2023, quando ela revelou sofrer de um adenocarcinoma no intestino, identificado após uma internação por desconfortos intestinais. Desde então, enfrentou quimioterapia, radioterapia, cirurgias e uma grave infecção generalizada (sepse), que a levou à UTI.

Em dezembro de 2023, a cantora anunciou a remissão, após uma cirurgia de reconstrução intestinal e reversão da ileostomia. Infelizmente, em agosto de 2024, exames detectaram novos tumores: dois em linfonodos, uma metástase no peritônio e uma lesão no ureter.

Ela estava em Nova York para iniciar um novo tratamento, mas sofreu uma piora significativa. Os exames mostraram o avanço da doença, e dias depois, Preta faleceu.

Ao ser questionado sobre como a família lida com a ausência, Gil desabafou: “Estamos tristes, naturalmente, ainda tendo que nos acostumar com a perda, com a falta… Preta era uma menina muito cheia de vida, muito intensa no sentido afetivo. E ao mesmo tempo, ela já vinha com um sofrimento prolongado, de três anos quase. No caso, essas pessoas quando se vão deixam vácuo muito grande. Ela se tornou também uma figura pública, muito querida. A morte faz parte da vida e a gente segue, né?”.

O cantor destacou que, apesar da dor, há um legado que conforta: o carinho que o público tem lhe dado. “Tem um lado de bálsamo, tem um lado de alguma coisa que conforta um pouco, ajuda a gente a resistir à dor e ao sofrimento da perda”, disse Gil.

Gil também recordou a perda de outro filho, Pedro Gil, morto em 1990, aos 19 anos, em um acidente de carro no Rio de Janeiro. “Eu já tinha perdido um filho lá atrás, de uma forma muito trágica (…) Na época eu me pronunciei muito enfaticamente sobre isso, quase como uma queixa: ‘Poxa vida, os meninos que nascem pra enterrar a gente. Fica esquisito a gente ter que enterrar os filhos’. Mas com Preta a gente teve tempo pra, de uma certa forma, irmos nos acostumando com a ideia [da partida]. O diagnóstico dela foi logo de início muito duro, as expectativas em relação à possibilidade dela se curar eram pequenas”, disse.

Ainda assim, a presença de Preta continua marcante. “Preta era uma pessoa, primeiro com a música, ela se dedicou e logo pequenininha já tinha muito gosto pela música. Eu vivia num ambiente saturado de música, com a madrinha, os parentes, os amigos e tudo mais. Eu estava pensando ontem sobre isso, sobre a herança que ela deixa para nós. Ela viveu uma vida que nos ensina muita coisa, nos indica direções, escolhas a serem feitas, valores a serem cultivados… Ela era entusiasta de viver para que a vida seja melhor, para ela e para todos. Obviamente é o que fica dela, além da saudade”.

Tratamento alternativo

Durante a entrevista, Gil relatou os últimos meses da filha, que buscava tratamentos alternativos contra o câncer nos Estados Unidos. “Essa luta intensa que ela teve pela vida era uma coisa que, não só nos comovia, como nos chamava a responsabilidade. (…) Ela resolveu ir dentro desse contexto extraordinário de empenho e amor a vida, de apego no sentido mais benigno da palavra… então esses últimos tempos lá nos Estados Unidos foram disso, de acompanhá-la, de cercá-la do maior conforto possível”, relembrou.

Segundo ele, a ida aos EUA foi um esforço coletivo: “Nós sabemos que o câncer é uma doença que vem ocupando intensamente o mundo científico na busca de uma solução (…) Então ela ir pra lá tentar continuar a luta pela vida era uma coisa que nos pertencia também. Ela e nós todos juntos com ela”.

Na ocasião, a família havia acabado de receber as cinzas de Preta. Um dos últimos pedidos dela foi que fossem distribuídas entre familiares e amigos, para que cada um tivesse um pouco dela. “Tem gente que quer usar as cinzas dela para fazer uma joia, tem gente que quer ter um tiquinho das cinzas em casa… talvez seja o caso da família de espalhar um tiquinho em uma das casas, na beira do mar em Salvador”, revelou.

Gil contou que não houve uma “última conversa” consciente entre eles: “Não, porque o mistério da vida continuava tão intenso quanto o mistério da morte. As nossas conversas estavam sempre associadas a isso: os amigos, os parentes, os filhos, os amores dela… às coisas do mundo!”

Para ele, a filha seguirá especial: “Essa saúde existencial profunda, essa saúde espiritual, tudo isso estava muito forte na vida dela. É uma menina que nos ensinou muito. (…) Ela era, talvez a mais espevitada de todos os filhos. Era uma menina incrível, Pretinha”.

Após o período de luto, Gil diz estar pronto para voltar aos palcos: “Ela era cantora. Em vários momentos da doença, ela dizia: ‘vai cantar, pai!’. Enfim, ela tinha esse lado, então é um respeito também a esse caráter profundo da personalidade dela, voltar a cantar por aí”.

O primeiro show de Gilberto Gil após a partida da filha será em 6 de setembro, em Porto Alegre. Ele seguirá cumprindo a agenda até o fim do ano, encerrando com o navio que celebra a turnê “Tempo Rei”. Ele garantiu, ainda, que há sempre algo diferente de Preta junto com ele.



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