》Capital americana vive clima sombrio com tropas de Trump – Expresso Noticias
Vamos ao assunto:
Tropas da Guarda Nacional de outros estados chegam a Washington para reforçar a repressão ordenada por Trump, afetando bairros imigrantes
O bairro de Columbia Heights, em Washington, conhecido por sua diversidade cultural e pelo movimento constante de barracas vendendo pupusas, frutas frescas, artesanatos e roupas, amanheceu diferente nesta terça-feira (20). O cenário de ruas cheias e vozes em várias línguas foi substituído por silêncio e ausência de clientes.
“Tudo parou na última semana”, relatou Yassin Yahyaoui, comerciante que vende joias e estatuetas de vidro na região. Segundo ele, muitos de seus fregueses, em especial os que falam espanhol, “simplesmente desapareceram” após o endurecimento das ações federais.
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A mudança repentina na rotina é reflexo da decisão do presidente Donald Trump de reforçar a capital com policiais federais e agentes de imigração. Embora a presença de patrulhas tenha se concentrado inicialmente no National Mall e no centro de Washington, o impacto já é sentido em bairros residenciais e comerciais como Columbia Heights, historicamente marcados pela presença de imigrantes.
Repressão sob críticas e desconfiança

A Casa Branca anunciou que centenas de prisões já foram realizadas dentro da operação, que Trump classifica como necessária para conter o que chama de “emergência criminal” em Washington. Autoridades locais, no entanto, têm criticado duramente a estratégia, acusando o governo federal de extrapolar sua autoridade e de interferir de maneira agressiva nos assuntos da cidade.
A tensão aumentou ainda mais quando o principal promotor federal de Washington, D.C., abriu uma investigação para apurar denúncias de que policiais estariam falsificando dados criminais. A apuração, revelada por uma fonte que pediu anonimato, pode fortalecer a narrativa da Casa Branca, mas contrasta com estatísticas oficiais que mostram melhora nos índices de segurança na região.
Nem o gabinete da prefeita de Washington, nem o departamento de polícia local quiseram comentar o caso.
Tropas de fora reforçam presença nas ruas

Enquanto isso, militares da Guarda Nacional de outros estados começaram a chegar à capital. De acordo com a Força-Tarefa Conjunta do Distrito de Columbia (JTF-DC), soldados da Virgínia Ocidental, Carolina do Sul, Mississippi e Louisiana foram deslocados para a cidade nesta semana.
Essas tropas terão as mesmas funções dos membros da Guarda Nacional de Washington já mobilizados: proteger pontos turísticos, controlar multidões e reforçar a vigilância nas ruas. Segundo a JTF-DC, eles ficarão hospedados em alojamentos militares e hotéis da região enquanto durar a operação.
Cidade em alerta
Com o aumento da repressão, o clima na capital norte-americana tornou-se de apreensão, sobretudo entre comunidades imigrantes que tradicionalmente movimentam a economia de bairros como Columbia Heights. Para comerciantes como Yahyaoui, a presença de militares e agentes federais já tem impacto direto nos negócios e na vida cotidiana.
A ampliação da operação marca uma nova fase da política de segurança de Trump, que promete manter a pressão sobre a capital e não descarta novas medidas. Enquanto isso, moradores e autoridades locais aguardam para ver até onde vai a intervenção federal — e quais serão suas consequências para a cidade.
A operação federal transforma a rotina nos bairros de Washington

As intervenções das autoridades federais tornaram-se visíveis em diversos pontos da cidade. A poucos quarteirões da loja de Yassin Yahyaoui, por exemplo, agentes do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) e da polícia local interceptaram um entregador de pizza de moto. Os oficiais, trajando coletes táticos e dirigindo veículos sem identificação, interrogavam o homem e exigiam que apresentasse documentos relacionados ao emprego e ao status legal de residência. Nenhuma prisão foi efetuada, mas a abordagem reforçou o clima de tensão nos arredores.
Desde o início da operação, em 7 de agosto, a Casa Branca anunciou que 465 pessoas foram presas, incluindo 206 que estavam no país de forma irregular. O governo Trump tem intensificado a fiscalização migratória e, em 11 de agosto, o presidente assinou um decreto colocando o departamento de polícia da capital sob controle federal por 30 dias — qualquer extensão dependeria de aprovação do Congresso.
Segundo Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, Trump estaria “defendendo sem pedir desculpas a segurança dos cidadãos americanos cumpridores da lei”.
Comércio local sente os efeitos
No bairro de Columbia Heights, comerciantes relatam impactos diretos na economia local. Glorida Gomez, que trabalha há mais de dez anos em uma barraca de frutas, afirmou que os negócios atualmente estão piores do que durante a pandemia de COVID-19. Muitos vendedores decidiram não comparecer com medo de interações com agentes federais.
A situação também afeta os clientes. Reina Sosa, outra vendedora da região, contou que os consumidores “estão guardando dinheiro para o caso de algo acontecer”, referindo-se à possibilidade de detenções pela polícia de imigração. Já Ana Lemus, que também vende frutas, pediu mais humanidade por parte do governo. “Lembrem-se de que essas são pessoas afetadas. O governo deve proteger os membros da comunidade, não atacá-los ou discriminá-los”, afirmou.
Prisões e confrontos registrados
Algumas prisões foram registradas em vídeo, aumentando a repercussão da operação. Na manhã de sábado, Christian Enrique Carias Torres foi detido durante uma briga com agentes do ICE, e as imagens circularam rapidamente pelas redes sociais. Segundo depoimento de um agente do FBI, Carias Torres chutou um dos oficiais na perna e outro ficou ferido ao cair e bater a cabeça na calçada. Para contê-lo, foi utilizada uma arma de choque, e ele foi acusado de resistir à prisão na terça-feira.
Em outras partes da cidade, a presença de múltiplas agências federais criou um cenário de grande tensão. No bairro de Petworth, cerca de 20 policiais do FBI, da Segurança Interna, da Polícia de Parques e dos Delegados dos EUA invadiram um prédio de apartamentos na manhã de terça-feira. Um morador foi algemado à vista de todos, enquanto Yanna Stelle, de 19 anos, que presenciou a ação, relatou ter ouvido conversas pelos walkie-talkies enquanto os agentes circulavam pelos corredores.
“Era muita polícia logo de manhã — principalmente para eles estarem apenas cumprindo um mandado”, comentou Stelle, impressionada com a força empregada pelas autoridades federais.

A movimentação de autoridades federais nas ruas de Washington, D.C., já é visível em bairros como Columbia Heights, Petworth e ao redor do National Mall. Desde que a operação começou em 7 de agosto, agentes do ICE, FBI, Polícia de Parques e delegados federais intensificaram a fiscalização de imigração e a presença em locais públicos, provocando mudanças profundas na rotina da cidade.
A vida dos comerciantes locais tem sido diretamente afetada. Barracas de frutas, joias e souvenirs, que antes enchiam as ruas, agora permanecem muitas vezes vazias. Glorida Gomez, que vende frutas há mais de dez anos, afirmou que o movimento está pior do que durante a pandemia de COVID-19, enquanto Reina Sosa disse que os clientes “guardam dinheiro para o caso de algo acontecer”. Ana Lemus, também vendedora, apelou por mais humanidade do governo, lembrando que “o governo deve proteger os membros da comunidade, não atacá-los ou discriminá-los”.
O clima de tensão se intensifica com abordagens e prisões registradas em vídeo. Em Petworth, cerca de 20 agentes federais invadiram um prédio de apartamentos, enquanto em outra parte da cidade Christian Enrique Carias Torres foi detido durante uma briga com agentes do ICE, usando-se até uma arma de choque para contê-lo.
Mais tropas da Guarda Nacional chegam à capital
O governo Trump planeja ampliar ainda mais a presença federal em Washington. Além das 800 tropas da Guarda Nacional local, mais 1.100 soldados de outros estados devem chegar, incluindo unidades de Ohio e Tennessee. A Casa Branca defende a medida como necessária para “proteger os cidadãos americanos cumpridores da lei”, segundo Abigail Jackson, porta-voz da presidência.
No entanto, o movimento enfrenta resistência crescente. O deputado democrata Sam Liccardo, da Califórnia, apresentou um projeto exigindo relatórios detalhados sobre custos, base legal e interações da Guarda Nacional com civis. Quarenta e quatro colegas assinaram a proposta, incluindo a delegada sem direito a voto de Washington, Eleanor Holmes Norton. Liccardo questionou se ações como essa seriam um teste de uma “tomada autoritária mais ampla das comunidades locais”, lembrando que os fundadores do país desconfiavam do “controle executivo dos exércitos permanentes”.
Limites e resultados da operação
Especialistas alertam que a presença da Guarda Nacional não substitui a polícia, já que os soldados não têm treinamento policial. Jeff Asher, analista criminal, ressaltou: “Não sei se é justo esperar muito da Guarda Nacional nesse contexto.”
O governo Trump, no entanto, comemorou os efeitos da operação. Em postagens nas redes sociais, o presidente afirmou que transformou Washington de “a ‘cidade’ mais insegura dos Estados Unidos” para “talvez a mais segura, e melhorando a cada hora!”. Dados da Polícia Metropolitana mostram que o número de crimes caiu cerca de 8% em relação à semana anterior, com quedas em roubos e furtos de veículos, estabilidade nos homicídios e leve aumento nos arrombamentos.
Apesar disso, especialistas alertam que uma semana é tempo insuficiente para avaliar mudanças reais. Asher afirmou que os 30 dias de controle federal sobre a polícia, permitidos pela lei de autonomia do Distrito de Columbia, representam “um período muito curto para realmente dizer qualquer coisa”.
Com informações de AP*
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