Cinco jogadores de rúgbi são condenados à prisão perpétua pela morte de jovem na Argentina
Iniciado em 2 de janeiro, o julgamento emocionou o país, que acompanha a história desde 18 de janeiro de 2020, quando ocorreu o crime contra o estudante de direito de 18 anos
Máximo Thomsen, Ciro Pertossi, Matías Benicelli, Luciano Pertossi e Enzo Comelli, cinco jogadores de um pequeno time de rúgbi na Argentina, foram condenados à prisão perpétua pelo assassinato do jovem Fernando Báez Sosa, espancado até a morte há três anos — a sentença por homicídio duplamente qualificado foi lida nesta segunda-feira, 6, na cidade de Dolores, localizada a 220 km de Buenos Aires. Além deles, o trio Blas Cinalli, Lucas Pertossi e Ayrton Viollaz foram sentenciados a 15 anos de prisão por serem participantes secundários do crime. Considerado o líder do grupo, Thomsen desmaiou ao saber o veredicto de prisão perpétua, pena máxima contemplada pela legislação local. Iniciado em 2 de janeiro, o julgamento emocionou a Argentina, que acompanha a história desde 18 de janeiro de 2020, quando ocorreu o crime contra o estudante de direito de 18 anos, em Villa Gesell, 370 km ao sul da capital. Os atletas passavam férias de verão no município, quando, naquela noite, foram expulsos de uma boate onde a briga com Báez Sosa havia começado. Na rua, os réus isolaram o jovem e o agrediram com socos e chutes, um espancamento que o levou à morte por múltiplas lesões.
Graciela Soisa, mãe da vítima, concedeu entrevista coletiva após a sentença e disse estar satisfeita com o veredicto. “Começa uma nova etapa em nossas vidas. É agora que vamos fazer o luto e aprender a conviver com a dor”, disse. “Perdoá-los é muito difícil. Eles sabiam o que estavam fazendo. Eles gostaram de matar meu filho, chamando-o de ‘negro de merda’”, acrescentou a mulher. “A ausência dele também é perpétua e nossa dor também é perpétua”, finalizou, referindo-se à sentença proferida pelo tribunal contra cinco jogadores de rúgbi.
A promotoria havia pedido prisão perpétua para os oito acusados, evocando a “vontade de matar” de “todos”, com uma “coordenação sincronizada” que impediu que terceiros ajudassem Báez Sosa. Por conta disso, o advogado da família do jovem, Fernando Burlando, promete apelar para que todos cumpram a pena máxima. “O mais importante é que o fato está provado. Os três acusados que se beneficiaram com 15 anos de prisão são o nosso principal alvo”, disse à imprensa.
Nos depoimentos, os acusados deram declarações como “peço perdão”, “peço desculpas”, “não houve intenção de matar”, “não houve um plano (de assassinar)” e “estou arrependido”. Os oito jogadores de rúgbi, todos da pequena cidade de Zárate, perto de Buenos Aires, estão em prisão preventiva desde 2020. Báez Sosa era filho de uma cuidadora de idosos e de um pedreiro, ambos imigrantes paraguaios. Havia iniciado a carreira advocatícia depois de se formar em uma escola católica e fazer trabalhos de caridade. Após a repercussão do caso no território nacional, diversos setores da sociedade passaram a discutir sobre o consumo de álcool por jovens, a construção da masculinidade, a xenofobia e o racismo na Argentina.
*Com informações da AFP