terça-feira, abril 15, 2025
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》Trump dobra a aposta no tarifaço em meio a pressões internas e o medo de recessão – Expresso Noticias

Vamos ao assunto:

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a defender sua política tarifária nesta sexta-feira, 11, em meio à intensificação do conflito comercial com a China e sinais de desaceleração econômica global.

Em publicação na rede Truth Social, Trump afirmou: “Estamos indo muito bem na nossa POLÍTICA DE TARIFAS”, acrescentando: “Muito empolgante para a América e para o mundo!!! Está avançando rapidamente. DJT.”

As declarações ocorrem em um momento de crescente tensão entre Washington e Pequim. De acordo com o jornal britânico The Guardian, o governo chinês respondeu às ações norte-americanas com novas tarifas sobre produtos dos Estados Unidos, elevando as alíquotas para até 125%.

Em comunicado oficial, o Ministério das Finanças da China classificou a estratégia dos EUA como “intimidação unilateral e coerção” e afirmou que os novos aumentos tarifários “já não teriam qualquer significado econômico” e “entrariam para a história como uma piada da economia mundial”.

O cenário econômico interno norte-americano também demonstra sinais de pressão. Pesquisa realizada pela Universidade de Michigan revelou que o sentimento do consumidor nos Estados Unidos caiu 11% no mês, alcançando 50,8 pontos — o segundo menor nível já registrado, inferior apenas ao período mais crítico da pandemia de Covid-19.

O levantamento também apontou que as expectativas de inflação dos consumidores aumentaram, com projeção de alta de 6,7% nos preços no próximo ano, a maior em quatro décadas.

Apesar dos dados negativos, a Casa Branca manteve seu discurso de confiança na condução da economia.

Em declaração à imprensa, a porta-voz Karoline Leavitt afirmou: “Há um grande otimismo nesta economia. Confiem no presidente Trump. Ele sabe o que está fazendo. Esta é uma fórmula econômica comprovada.”

Nos mercados financeiros, a semana foi marcada por forte volatilidade. O índice S&P 500 encerrou o período com alta de 5,7%, o melhor desempenho semanal desde novembro de 2023.

No entanto, a recuperação ocorreu após uma queda acumulada de 12% em quatro sessões, seguida por uma alta abrupta de quase 10% em um único dia, evidenciando o clima de incerteza entre investidores.

Líderes do setor financeiro manifestaram preocupação com o atual cenário. Larry Fink, CEO da BlackRock, declarou à rede CNBC que a economia pode já estar em recessão: “Acho que estamos muito próximos de uma recessão, se é que já não estamos nela”.

Segundo ele, a decisão do governo norte-americano de suspender temporariamente novos aumentos tarifários por 90 dias não elimina a instabilidade.

Jamie Dimon, presidente do JPMorgan Chase, também comentou sobre o tema: “A maior economia do mundo está enfrentando uma turbulência considerável”. Ele observou que os impactos nas expectativas de consumo são significativos.

A postura do presidente Trump também gerou questionamentos no campo político. Pouco antes de anunciar mudanças em sua política tarifária, Trump publicou na Truth Social que seria “UMA ÓTIMA HORA PARA COMPRAR!!!”.

A postagem levantou suspeitas sobre possível uso de informações privilegiadas. Em resposta, os senadores democratas Elizabeth Warren e Chuck Schumer enviaram uma carta à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), solicitando uma investigação formal.

“É inconcebível que, enquanto as famílias americanas se preocupam com sua segurança financeira durante esta crise econômica totalmente fabricada pelo presidente, insiders possam ter lucrado ativamente com a volatilidade do mercado e possivelmente cometido fraude financeira contra o público americano”, afirmaram os parlamentares no documento.

No setor privado, os efeitos da guerra comercial se manifestam de forma concreta. A montadora Tesla, liderada por Elon Musk, anunciou a suspensão de pedidos na China para os modelos Model S e Model X fabricados nos Estados Unidos.

Embora a empresa não tenha emitido explicações, analistas do setor atribuem a decisão ao aumento expressivo das tarifas de importação, que inviabilizariam a comercialização desses veículos no mercado chinês.

Na Europa, especialistas monitoram os desdobramentos da disputa entre as duas maiores economias do mundo. Mesmo com o crescimento de 0,5% do Produto Interno Bruto do Reino Unido em fevereiro, analistas alertam que o desempenho pode não se sustentar caso a instabilidade global se prolongue.

A guerra tarifária, segundo previsões, tende a afetar investimentos e o comércio internacional, com reflexos diretos sobre economias dependentes do fluxo global de capitais.

Enquanto a Casa Branca mantém o discurso de que a atual política econômica conduzirá a uma nova fase de prosperidade, indicadores internos, reações de mercados e críticas internacionais sugerem que os efeitos das medidas adotadas ainda estão longe de consenso. A continuidade da guerra comercial e seus impactos sobre o cenário macroeconômico permanecem no centro do debate econômico global.

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