Esportes

Goleiro senegalês que sofreu ataques racistas na Espanha se desculpa por atitude durante jogo

‘Se eu receber uma sanção, vou me surpreender, porque uma pessoa não pode ser vítima e depois punida’, disse Cheikh Sarr

Javier Lizón/EFE
O goleiro do Rayo Majadahonda, Cheikh Kane Sarr, reage durante a coletiva de imprensa

Mais um caso de racismo envolvendo futebol e Espanha. Cheikh Sarr, que é goleiro do Rayo Majadahonda, time da terceira divisão do futebol espanhol, disse nesta terça-feira (2), durante coletiva de imprensa, que pede “perdão ao mundo do futebol” pela sua reação ao ato de racismo por um torcedor do Sestao River. Apesar do pedido de desculpas por sua atitude durante o jogo, ele não estendeu o gesto à pessoa que lhe gritou insultos racistas e que, “embora lhe doa muito” fazer isso, é preciso “ser respeitoso”. “Peço desculpa ao mundo do futebol pela forma como agi e, se voltar a acontecer comigo, não reagirei da mesma maneira e saberei como me comportar”, disse. O goleiro ainda disse que “incomoda muito” ter que pedir desculpas, visto que ele foi a vítima da situação.

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“Isso me incomoda muito e faço isso porque é preciso ser respeitoso e é o mais correto a ser feito. Mesmo que você seja a vítima, tem que pedir desculpas ao mundo do futebol. Não estou fazendo isso por esse menino [que me insultou], mas pela imagem do futebol”, disse o goleiro senegalês. O caso de racismo aconteceu no último sábado (30), durante o jogo entre Rayo Majadahonda e Sestao River. Os torcedores de Sestao usaram insultos racistas contra o goleiro, que decidiu abandonar o jogo aos 39 minutos e a partida em Las Llanas foi suspensa.

Sarr agradeceu o apoio dos colegas de time e aos torcedores, e reconheceu que, caso recebesse uma sanção ficaria surpreso, pois “seria injusto”, visto que alguém que foi vítima não pode ser punida. “Se eu receber uma sanção vou me surpreender porque seria injusto, porque uma pessoa não pode ser vítima e depois punida. Se isso acontecer, o clube saberá o que fazer. Me arrependo e isso me ajudou muito para que, se acontecer comigo novamente no futuro, eu saiba como reagir”, disse o jogador, explicando que os insultos foram “puto preto” e “preto de m*rda”. O senegalês ainda comentou sobre o relatório em que o árbitro afirmou que se dirigiu ele de “maneira violenta”.

“Minha atuação diante do árbitro não foi uma atitude agressiva. Fui falar sobre isso e expressar e de repente vi o cartão vermelho. Me pareceu estranho e fui perguntar a ele com todo o respeito do mundo e foi a única coisa que perguntei a ele, nada mais. Depois do jogo, uma hora depois ele me perguntou tudo o que havia acontecido e me apoiou e estou grato”, explicou Cheikh Sarr. “O pior momento foi quando ele estava me insultando e falando de tudo. Minha reação foi essa porque eu queria falar sobre isso e o agarrei para perguntar por que ele havia me insultado e se ele tinha família. Além disso, ele era uma pessoa mais velha e tem que ser um exemplo”, disse o jogador. O jogador brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, não tem mantido contato direto com Sarr, mas o senegalês afirmou que aprecia seus gestos de carinho nas redes sociais.

*Com informações da EFE