Governo federal anuncia portaria que permite entrar com água em shows e cria ‘ilhas de hidratação’
Medidas já valem a partir deste sábado, segundo o ministro Flávio Dino; na noite de ontem, Ana Clara Benevides Machado, de 23 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu durante show da cantora Taylor Swift
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou em seu perfil no X (antigo Twitter) que o governo federal criou uma portaria que permite aos fãs entrarem com água em shows no Brasil. Além disso, eventos com alta exposição ao calor deverão disponibilizar água potável gratuita em”ilhas de hidratação” de fácil acesso. As medidas, segundo Dino, já valerão a partir deste sábado, 18. “A portaria será editada em, no máximo, uma hora. Será postada aqui [no X] para conhecimento dos detalhes”, declarou o ministro. Na noite de sexta-feira, centenas de fãs da cantora Taylor Swift passaram mal por causa das altas temperaturas no Rio de Janeiro, somada à aglomeração no estádio do Engenhão e à falta de hidratação. Ana Clara Benevides Machado, de 23 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu.
A partir de hoje, por determinação da Secretaria do Consumidor do Ministério da Justiça, será permitida a entrada de garrafas de ÁGUA de uso pessoal, em material adequado, em espetáculos. E as empresas produtoras de espetáculos com alta exposição ao calor deverão disponibilizar…
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) November 18, 2023
Não era permitido entrar com garrafas ou copos de água no show da americana. Segundo os fãs, as enormes filas dificultavam a compra, e os ambulantes não tiveram acesso a determinados locais, como na grade que fica perto do palco. A T4F, organizadora do evento, emitiu um comunicado lamentando a morte de Ana Clara. A empresa disse que ela foi atendida por uma equipe de brigadistas e paramédicos, recebeu os primeiros socorros no posto médico do Engenhão e depois foi transferida ao Hospital Salgado Filho, “onde, após quase uma hora de atendimento emergencial, veio a óbito”. No entanto, a T4F nada falou sobre as reclamações sobre o difícil acesso à água durante o show.
A pedido da deputada federal Samia Bomfim (Psol-SP), o Ministério Público Federal vai apurar a conduta da T4F. “A empresa, que até o último ano também produzia o Lollapalooza, já responde a ações no Ministério Público do Trabalho por trabalho análogo à escravidão em edições desse festival. A garantia do acesso à água, a estruturação para circulação de ar e a adaptação para a infeliz realidade de emergência climática que passamos é o mínimo. A ganância e o lucro não podem estar acima da dignidade e dos direitos. A situação ocorrida ontem é estarrecedora e não pode se repetir de forma alguma”, declarou a psolista. A Jovem Pan procurou a assessoria de imprensa da T4F, mas ainda não obteve resposta. O espaço está aberto para qualquer manifestação.