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Mesmo com recomendações da Fifa, Copa do Mundo do Catar deve ser marcada por protestos dentro e fora de campo

Leis islâmicas, restrições dos direitos humanos e mortes nas obras para o torneio fazem desta a edição a mais politizada da história

EFE/Rodrigo Jiménez
Mundial do Catar começa no dia 20 de novembro e promete ter protestos

A Copa do Mundo do Catar é forte candidata a edição mais política de toda a história do torneio. Realizada em um país controverso, com acusações de violação de direitos humanos e que teve mais de 15 mil mortes de operários nas construções, de acordo com relatório da Anistia Internacional, o Mundial tem enfrentado críticas e deve ver protestos por parte das torcidas e seleções. Uma das manifestações programadas é a da seleção da Dinamarca. A equipe, que utiliza material esportivo da Hummel, usará um uniforme monocromático (escudo e fornecedora do mesmo tom) por não concordar com as leis catares. “Não queremos estar visíveis durante um torneio que custou a vida de milhares de pessoas”, disse a empresa. Algumas seleções como Inglaterra e Alemanha combinaram de utilizar a braçadeira de capitão nas cores da bandeira LGBTQIAP+ durante os jogos. A homossexualidade é considerada crime no Catar. A França, do goleiro e capitão Hugo Lloris, também faria a ação, mas desistiu por acreditar que é necessário “respeitar as regras” do país-sede. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é contra protestos no Mundial. Algumas federações viajaram com poucos membros, uma forma de boicote. É difícil cravar, mas as arquibancadas também devem ser palco de protestos. A torcida alemã é a mais incisiva nas reclamações públicas.

O que diz a Fifa e o Comitê Organizador?

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Camisa da Dinamarca na Copa será monocromática em protesto contra as mortes em obras da Copa (Divulgação/Federação Dinamarquesa de Futebol)

Desde o início das manifestações contra o Catar como sede da Copa do Mundo, a Fifa tenta amenizar as polêmicas. Faltando menos de um mês para o início do torneio, a entidade máxima do futebol pediu para que as seleções “se concentrem no futebol, não na política”. O governo catariano tinha liberado a venda de bebidas alcoólicas nos estádios e por um período fora dele (após as orações), mas, faltando dois dias para a abertura, voltou atrás. O Comitê Organizador, por sua vez, mantém a resposta firme. Em resposta ao protesto da Dinamarca, contestou as mortes em construções de estádios e infraestruturas. “Rejeitamos de todo o coração a banalização de nosso compromisso genuíno de proteger a saúde e a segurança dos 30 mil trabalhadores que construíram estádios da Copa do Mundo da FIFA e outros projetos de torneios. O trabalho do comitê é reconhecido por inúmeras entidades da comunidade internacional de direitos humanos como um modelo que acelerou o progresso e melhorou vidas”, disse, em comunicado. Já as fontes do governo são polêmicas. O embaixador da Copa, Khalid Salman, disse recentemente que a homossexualidade é um “dano mental” e um “pecado” e que o Catar não irá tolerar visitantes homossexuais. Diversas entidades dos direitos LGBTQIAP+ alertaram torcedores que irão ao país.