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Quadrado mágico, estreia de CR7 e Messi e adeus de Zidane: Copa de 2006 foi divisor no futebol

Final da competição completa 16 anos neste sábado, 9; relembre momentos marcantes do torneio, que consagrou a Itália tetracampeã no último brilho da Azzurra

PATRIK STOLLARZ/AFP
O capitão italiano Cannavaro beija a taça da Copa do Mundo

Há 16 anos, Itália e França entravam no gramado do Estádio Olímpico em Berlim, na Alemanha, para disputar a final da Copa do Mundo de 2006. A decisão acabou empatada em 1 a 1 e a Azzurra sagrou-se campeã na disputa de pênaltis, após vitírua por 5 a 3. O título corou uma grande geração da Itália, que tinha nomes como Buffon, Cannavaro, Del Piero, Gattuso, Totti, Nesta, Inzaghi, Pirlo e Materazzi. Depois disso, no entanto, a torcida italiana jamais voltou a sorrir em um Mundial. As eliminações na primeira fase das Copas da África do Sul-2010 e Brasil-2014 ficaram bem aquém de sua tradição. Pior ainda foi o desempenho nos anos seguintes: os tetracampeões nem sequer se classificaram para Rússia-2018 e Catar-2022 (a ser disputada a partir de novembro).

O Mundial de 2006 também marcou o último jogo da carreira de Zinedine Zidane, astro da França que marcou um gol na final e foi expulso na prorrogação após dar uma cabeçada no peito de Materazzi. Anos depois, o xerifão italiano revelou o que deixou o francês tão nervoso. “Ele [Zidane] disse: ‘Eu lhe darei minha camisa mais tarde’. Respondi que preferia a irmã dele”. Já Ronaldinho Gaúcho não se despediu do futebol, mas também encerrou na Alemanha a sua história nas Copas. Preterido por Dunga em 2010, Gaúcho fez parte do último esquadrão brasileiro — o time ainda contava com craques como Cafu, Roberto Carlos, Kaká, Ronaldo e Adriano.

Enquanto uns se despediam, outros iniciavam sua história. Messi e Cristiano Ronaldo, que dominaram as premiações de melhor do mundo entre 2008 e 2019 — só perderam uma vez no período —, estrearam em Copas no Mundial da Alemanha. O argentino, que tinha 18 anos quando o torneio começou (completou 19 em seu decorrer), era reserva da seleção alviceleste. Ele participou de três jogos e fez um gol, contra Sérvia e Montenegro, mas não entrou em campo na eliminação para a Alemanha, nas quartas de final. CR7, por sua vez, já era uma estrela do forte selecionado português, que terminou a competição em quarto lugar. A Copa do Mundo do Catar provavelmente será a última da histórica dupla.

Veja por que o Mundial de 2006 foi histórico

Despedida de Zidane

Eleito três vezes o melhor jogador do mundo (1998, 2000 e 2003), Zinedine Zidane se despediu do futebol na final contra Itália. Após primeira fase apagada, o craque ajudou a França a despachar a Espanha nas oitavas de final, teve atuação de gala ante o Brasil, nas quartas, e fez, contra Portugal, o gol que classificou sua seleção à decisão. Na final, fazia boa partida, com direito a gol de pênalti no estilo cavadinha, quando perdeu a cabeça e desferiu uma cabeçada em Materazzi. A França perdeu o título, mas Zidane, para o bem e mal, entrou para a história. Ele ainda foi eleito o melhor jogador daquela Copa.

Copa repleta de estrelas

O Mundial contou com inúmeros craques. A Alemanha, que sediou o torneio, tinha em seu elenco Kahn, Klose e Ballack, além dos estreantes Lahm e Schweinsteiger, que conquistariam o mundo em 2014. A Holanda tinha os experientes Van Der Sar, Van Nistelrooy e os jovens Robben e Van Persie. A Suécia era comandada por Ibrahimovic. A Argentina apostava na experiência de Crespo e Riquelme. Já a Inglaterra apostava em nomes como Gerrard, Lampard e Owen. A Espanha, que começava a se firmar entre as melhores do mundo, tinha como referências Raúl e Puyol, além de uma nova geração comandada por Xavi, Iniesta e Sergio Ramos. Figo (Portugal), Shevchenko (Ucrânia), Park Ji-Sung (Coreia do Sul), Cech (República Tcheca), Donovan (Estados Unidos) e Rafa Márquez (México) também participaram da competição.

Primeira Copa do Mundo de Messi e CR7

Dois jogadores que participaram do torneio ainda não eram os grandes craques que são nos dias de hoje. Lionel Messi tinha apenas 18 anos na época e chegou ao Mundial com status de promessa. Entretanto, não ganhou tantas chances e acabou ficando mais tempo na reserva do que em campo. Seu único gol foi na primeira fase, na goleada da Argentina sobre Sérvia e Montenegro, por 6 a 0. O outro jogador é Cristiano Ronaldo, que chegou ao Mundial com 21 anos, foi titular em sua melhor campanha em Copas. Além de jogar, CR7 marcou seu primeiro gol em Mundiais, na partida contra o Irã. 

Quadrado mágico

Assim como as rivais, o Brasil também foi para o mundial com um time repleto de craques, considerado o último esquadrão da seleção em Copas. Há quem lembre com saudade da época em que o time verde-amarelo tinha tantos craques. Dida era o goleiro, acompanhado por Roberto Carlos e Cafu nas laterais. O destaque, entretanto, estava no ataque, onde o Brasil tinha o “quadrado mágico”, formado por Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Adriano. Além disso, Robinho, que tinha 22 anos, era considerado o quinto integrante do grupo. Apesar das altas expectativas criadas, o grupo não rendeu o esperado dentro do torneio e caiu contra a França. Curiosamente, a derrota para a França acabou sendo a última partida de Ronaldo, Ronaldinho e Adriano em Copas do Mundo.

Jogo mais violento

A partida das oitavas de final entre Holanda e Portugal entrou para a história das Copas como o confronto mais violento da história dos mundiais. Apelidada de “Batalha de Nuremberg”, a partida terminou com a vitória portuguesa por 1 a 0. Mas o principal ponto da partida foi a quantidade de cartões distribuídos. Ao todo, foram dados 16 amarelos e quatro vermelhos. Os portugueses Costinha e Deco e os holandeses Boulahrouz e Van Bronckhorst foram os jogadores expulsos da partida.

Última Copa na Europa Ocidental

Realizada na Alemanha, a Copa de 2006 foi a última com sede em um país da Europa Ocidental. Nas tentativas da Fifa de globalizar o futebol, os torneios seguintes rodaram por diversos continentes. Em 2010, a África do Sul recebeu o mundial, enquanto em 2014 o Brasil foi o país-sede. Já em 2018, o Mundial voltou para a Europa, mas em um país que se contrapõe ao chamado mundo ocidental: a Rússia. Neste ano, o Qatar será sede da segunda Copa realizada na Ásia, a primeira no Oriente Médio.